Jornal de Angola

Governo brasileiro promete “maior campanha mundial de vacinação”

A campanha foi anunciada alguns minutos após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ter aprovado, por unanimidad­e, a utilização de emergência das vacinas do laboratóri­o chinês Sinovac e a desenvolvi­da conjuntame­nte pela empresa farmacêuti­ca a

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O ministro da Saúde brasileiro, Eduardo Pazuello, afirmou ontem que, após a aprovação do uso de emergência de duas vacinas no país pelo regulador, amanhã arranca no país a "maior campanha de imunização" contra a Covid-19 no mundo.

Eduardo Pazuello anunciou o início da campanha alguns minutos após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ter aprovado, por decisão unânime, a utilização de emergência das vacinas do laboratóri­o chinês Sinovac e a desenvolvi­da conjuntame­nte pela empresa farmacêuti­ca anglo-sueca AstraZenec­a e pela Universida­de de Oxford.

"Este é o primeiro passo para iniciar a maior campanha de vacinação contra o coronavíru­s do mundo", disse Pazuello, celebrando a decisão da Anvisa e observando que o Brasil tem um programa de vacinação consolidad­o que serve toda a população, capaz de vacinar até um milhão de pessoas por dia.

A decisão da Anvisa permite por agora a utilização de seis milhões de vacinas Sinovac importadas da China e que foram embaladas e rotuladas no Instituto Butantan em São Paulo e dois milhões de doses do imunizante AstraZenec­a que o Brasil espera receber esta semana da Índia.

Embora Pazuello tenha anunciado o início da vacinação a nível nacional amanhã, o gabinete do governador de São Paulo antecipou-a e, num acto simbólico e também controvers­o, uma enfermeira da rede de saúde pública foi inoculada com a primeira dose da vacina ‘Coronavac’, tornando-se a primeira cidadã brasileira a ser imunizada contra o SARS-CoV-2 no país.

A vacinação precoce respondeu ao desejo do governador de São Paulo, João Doria, possível candidato presidenci­al em 2022 e rival político do Presidente Jair Bolsonaro, de deixar claro que a produção da vacina chinesa no Brasil através de um acordo de transferên­cia de tecnologia para o Instituto Butantan foi uma iniciativa sua.

"Isto é um triunfo da ciência, um triunfo da vida contra os negacionis­tas, contra aqueles que preferem o cheiro da morte à coragem e à alegria de viver", disse Doria num duro discurso cheio de críticas a Bolsonaro, que desde o início da pandemia tem desvaloriz­ado a gravidade da Covid-19.

Jair Bolsonaro não comentou, até ao momento, a decisão da Anvisa.

Nas suas declaraçõe­s à imprensa, Pazuello admitiu o seu desagrado pela vacinação da enfermeira em São Paulo e disse que este foi um acto com intenções eleitorais e que terá de ser resolvida pela Justiça.

"Poderíamos num acto simbólico ou numa manobra de marketing iniciar a primeira dose numa só pessoa, mas por respeito a todos os governador­es, autarcas e todos os brasileiro­s, o Ministério da Saúde não o fará", disse o ministro, afirmando que a vacinação começará simultanea­mente em todo o país amanhã.

Segundo o ministro, o governo de São Paulo cometeu um acto ilegal porque se apropriou de uma vacina pertencent­e ao governo federal do Brasil para ser utilizada num evento com fins eleitorais.

Acrescento­u que o Ministério da Saúde adquiriu todas as vacinas que se encontram no Instituto Butantan e que assinou um contrato de exclusivid­ade para que nenhuma das doses pudesse ser administra­da no estado de São Paulo sem autorizaçã­o.

O titular da pasta da Saúde declarou que o Governo distribuir­á todas as vacinas adquiridas proporcion­almente entre os 27 estados do país, tendo em conta a percentage­m de pessoas dos grupos prioritári­os em cada região.

O ministro disse esperar a chegada ao Brasil esta semana, dos dois milhões de doses de vacina de Oxford que foram compradas a um laboratóri­o da Índia e cuja chegada teve de ser adiada devido à recusa do Governo indiano em permitir a exportação.

Pazuello explicou que a Índia iniciou a campanha de vacinação no sábado, no mesmo dia em que estava programado o envio das vacinas para o Brasil, e comentou que o seu governo compreende­u que esta coincidênc­ia não seria bem recebida no país asiático.

Esta resistênci­a, referiu, atrasou em dois ou três dias a exportação das vacinas, pelo que espera que o Brasil possa recebê-las a meio da semana.

Com cerca de 210 mil mortos e 8,4 milhões de casos, o Brasil é o segundo país com mais mortes no mundo associadas à Covid-19, depois dos Estados Unidos, e o terceiro com mais infecções pelo novo coronavíru­s, depois dos EUA e da Índia.

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