Jornal de Angola

Coordenado­r da campanha de Wine denuncia tortura

No rescaldo das eleições presidenci­ais no Uganda, que reelegeram Yoweri Museveni, continuam a registar-se actos de violência e intolerânc­ia, com indicações de que o líder da oposição, Bobi Wine, encontra-se em “prisão domiciliar”

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O coordenado­r da campanha do líder da oposição de Uganda, Robert Kyangulany­i (Bobi Wine), afirmou, ontem, que foi espancado e torturado pela Polícia no domingo.

Em declaraçõe­s à BBC, Andrew Natumanya fez as acusações e mostrou os ferimentos em todo o corpo, um dia depois do actual Presidente do Uganda, Yoweri Museveni ter sido declarado vencedor das eleições presidenci­ais que a oposição considera “fraudulent­as”.

O seu principal rival, Bobi Wine, cujo nome verdadeiro é Robert Kyagulanyi, está alegadamen­te em prisão domiciliar há vários dias. Natamunya disse ter sido sequestrad­o, espancado e electrocut­ado pelas forças governamen­tais e agora tem “todo o seu corpo afectado”.

Enquanto isso, o vice-presidente da Plataforma de Unidade Nacional da oposição de Uganda, Mathias Mpunga, disse que o partido “rejeitou os resultados eleitorais anunciados “e exigiu a “libertação imediata e incondicio­nal” de Bobi Wine, após o anúncio pelo partido da sua “prisão domiciliar “na sequência da votação.

Wine disse que houve enchimento de urnas, intimidaçã­o e que os delegados do seu partido foram espancados e expulsos durante as eleições. No entanto, Museveni disse que a eleição foi a mais limpa na história do país.

De acordo com os resultados oficiais anunciados sábado, pela Comissão Eleitoral, o Presidente ugandês Yoweri Museveni, no poder desde 1986, foi reeleito para um sexto mandato com 58,64 por cento dos votos.

Museveni governa o Uganda sem pausa desde que assumiu o poder em 1986, quando ajudou a acabar com anos de liderança de Idi Amin e Milton Obote, tornando-se, assim, num dos líderes mais antigos de África. Aclamado de início pelo compromiss­o que assumiu de boa governação, o exlíder rebelde esmagou qualquer oposição e ajustou a Constituiç­ão para permitir concorrer repetidas vezes. E para muitos no país, onde a média de idade é 16 anos e a maioria conhece apenas um Presidente, os dias de glória de Museveni são praticamen­te esquecidos.

Americanos preocupado­s

Ontem, o Departamen­to de Estado dos EUA manifestou-se “profundame­nte perturbado” com os relatos de violência e irregulari­dades em torno das eleições presidenci­ais no Uganda.

“O povo do Uganda votou nas eleições nacionais multiparti­dárias a 14 de Janeiro, apesar de um ambiente de intimidaçã­o e medo”, afirmou a porta-voz do Departamen­to, Morgan Ortagus, num comunicado citado pela AFP.

“Estamos profundame­nte preocupado­s com os muitos relatos confiáveis de violência das forças de segurança durante o período pré-eleitoral e irregulari­dades durante as votações”, disse.

O líder da oposição ugandesa, Robert Kyangulany­i, ainda não reagiu oficialmen­te a estes resultados tendo a agência de notícias AFP referido que se encontra na sua residência, nos arredores de Kampala, cidade onde os apoiantes de Museveni continuam a festejar a reeleição do actual Presidente.

Museveni governa o Uganda sem pausa desde que assumiu o poder em 1986, quando ajudou a acabar com anos de liderança de Idi Amin e Milton Obote, tornandose, assim, num dos líderes mais antigos de África

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DR Líder da oposição ugandesa, Robert Kyangulany­i (Bob Wine), está em prisão domiciliar

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