Actores debatem problemas
A partilha de conhecimento em conversas abertas sobre o percurso das artes cénicas, sobretudo do teatro, vai ser tema de debate durante sete semanas em Luanda, com depoimentos de figuras que contribuíram para a massificação desta arte ao longo de quatro décadas.
A iniciativa, denominada “Conversa sobre Teatro”, o primeiro encontro entre os fazedores de teatro, passa a acontecer, doravante, semanalmente, até 25 de Fevereiro, no anfiteatro Njinga a Mbande, numa iniciativa do Gabinete Provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desporto.
O primeiro encontro aconteceu na passada quarta-feira e teve sala cheia, com a participação de várias gerações de actores, numa conversa sobre o percurso desta arte. Durante os encontros os participantes vão procurar encontrar soluções para a valorização e o dinamismo dos artistas do sector.
O encontro, moderado pelo director Provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desporto, Manuel Gonçalves, que fez uma resenha dos objectivos do projecto, serviu, ainda, para ele destacar a importância da criação de uma plataforma de diálogo entre os grupos de teatro.
Embora reconheça que alguns dos problemas são de conhecimento público, como a falta de salas convencionais e financiamentos, incluindo o próprio material para a elaboração de cenários, ainda assim Manuel Gonçalves considera importante os protagonistas directos fazerem uma abordagem frontal sobre o assunto.
A valorização das principais figuras do teatro angolano deve ser, também, parte do debate durante os encontros. “O debate não deve ser limitado apenas ao percurso destas figuras, mas ao contributo destes para a história do teatro no país”.
Quanto ao questionamento de muitos grupos sobre a atribuição do Prémio Nacional de Cultura e Arte, na categoria de Teatro, a título póstumo, a Matan’yadi Norberto, Manuel Gonçalves disse que ainda há muito desconhecimento quanto a esta figura e o papel que teve na criação da Escola Nacional de Teatro, onde ajudou a desenvolver o ensino artístico profissional.
“Agora o objectivo deve ser transformar toda esta memória em livros e áudios, por ser um legado positivo às novas gerações”, disse, acrescentando que não há, sequer, nenhum registo sobre o segundo Festival Nacional do Teatro, realizado durante o I Fenacult.
“Por isso é essencial saber quem são os precursores do teatro no país, sobretudo em Luanda”.
Os depoimentos
Durante o encontro, António de Oliveira “Delón”, secretário-geral da Associação Provincial do Carnaval de Luanda (Aprocal), e Adelino Caracol, director do Horizonte Njinga Mbande, deixaram depoimentos a enaltecer o trabalho feito em prol do desenvolvimento do teatro no país.
Para o director artístico da companhia Pitabel, Adérito Rodrigues “Bi”, outro convidado, este género de iniciativa é importante porque transmite o testemunho geracional sobre a história do teatro e dos precursores. “É uma passagem de testemunho fundamental, para munir os actores de conhecimentos sobre a evolução do teatro nacional”, destacou.
Por sua vez, o actor Simão Paulino, do grupo Dadaísmo, disse ter ficado satisfeito por o encontro ter reunido alguns dos precursores do teatro em Luanda. O também secretário para as relações internas da Associação Angolana de Teatro acrescentou que este conhecimento precisa de ser partilhado. “A nova geração só encontrará o caminho certo se existir essa passagem de testemunho para se evitarem equívocos”.