Janeiro é o mês com mais óbitos em Moçambique
Um terço dos 249 óbitos por Covid-19 em Moçambique aconteceu desde o início do ano, indica o Instituto Nacional de Saúde (INS), na análise à situação epidemiológica do país.
Janeiro ainda não terminou e já soma 83 mortes, mais do dobro do registado em qualquer um dos que eram até agora os piores meses desde que foi registado o primeiro caso no país, em Março de 2020.
Moçambique registou entre 3 e 16 de Janeiro as semanas com mais casos detectados de Covid-19, por larga margem.
“Claramente se vê a ascensão, quase que exponencial, da positividade na semana precedente e o pico notável do número de casos semanais, muito alto, quando se compara com todo o histórico da pandemia”, disse ontem o director de inquéritos no INS, Sérgio Chicumbe, ao mostrar o gráfico da evolução.
Na primeira semana completa de Janeiro, os casos semanais registados em Moçambique subiram de 806 para 2.393 e na segunda semana o número saltou para 4.501 - com a taxa de positividade semanal a aproximar-se de 30%.
A percentagem de casos positivo no universo total de testes, desde Março de 2020, é de 8,9% (27.446 casos positivos entre 306.344 testes).
As autoridades de saúde destacam também o “crescimento acentuado” do número de internamentos na última semana, com um cumulativo de 197, valor que supera o máximo de internamentos mensais de 2020.
Permanecem actualmente internados 219 casos.
“Dos internamentos, mais de 70% dos doentes estão muito graves, diria críticos, precisam de um suporte ventilatório para sobreviver”, frisou Ussene Isse, director nacional de assistência médica no Ministério da Saúde, durante a actualização de dados sobre a pandemia.
A análise da situação epidemiológica do país revela ainda que 88,2% dos distritos moçambicanos estão afectados, embora a maioria dos casos esteja concentrada em Maputo e arredores.
O maior número de óbitos continua a registar-se em pessoas maiores de 60 anos, segundo os dados das autoridades de saúde: 133 do total de 249 mortes.
“Temos a notar que na região norte, em Cabo Delgado, (província afectada pela violência armada desde 2017), fica difícil de levar a cabo a epidemiologia em algumas regiões, portanto, a situação pode ser pior do que está”, acrescentou Sérgio Chicumbe.
Entre os países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), Moçambique registou uma das maiores taxas de variação semanal de óbitos (mais 25%) e casos por milhão de habitantes (mais 21,1%).