Rostos mais visíveis do novo Governo dos EUA
Para a actual equipa do Governo americano, o Presidente Joe Biden optou pela experiência dos escolhidos, pois muitos já trabalham, há vários anos com ele e são nomes reconhecidos nas suas áreas.
Na nova Administração, as mulheres estão em força. "Apesar de esta equipa ter uma experiência e realizações incomparáveis, também reflectem na ideia de que não podemos enfrentar os actuais desafios com pensamentos antigos e hábitosinalterados",disse,Biden, durante a apresentação equipa, que integra o primeiro latino que vai ocupar-se da Segurança Interna e a primeira mulher a dirigir as Secretas.
Secretário de Estado: Antony Blinken
Blinken já foi adjunto do conselheiro de Segurança Nacional em 2013.
O actual chefe da diplomacia dos EUA tem 58 anos e viveu entre os 9 e os 18 anos em Paris e está ao lado de Biden há quase duas décadas, tendo sido chefe de equipa de 2002 a 2008, quando o então senador estava à frente da Comissão de Negócios Estrangeiros do Senado.
Depois participou em 2008 na campanha presidencial de Biden e, quando este foi escolhido para Vice-Presidente de Barack Obama, acabou por regressar à Casa Branca, onde já tinha estado com Bill Clinton. Foi então conselheiro de Segurança Nacional de Biden, antes de passar para o Departamento de Estado, onde foi vice de John Kerry.
Blinken começou em 1993 a trabalhar no gabinete de Política Europeia do Departamento de Estado, acabando no Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca de Clinton, com as áreas da política europeia e canadiana.
Segurança Interna: Alejandro Mayorkas
Mayorkas é o primeiro imigrante e o primeiro latino à frente do Departamento de Segurança Interna, tendo sido número dois
Ao tomar hoje
posse, Kamala Harris, filha de pais imigrantes, mãe indiana-americana e pai jamaicano, torna-se a primeira Vice-Presidente negra e primeira descendente de indianos dos Estados Unidos.
Com 56 anos, ex-senadora democrata pelo estado da Califórnia, Kamala Harris foi companheira de chapa de Joe Biden, eleito após um processo eleitoral longo e complexo. Antes disso, ela havia concorrido com Biden para a indicação presidencial na convenção democrata.
"Eu tenho fé no povo americano. de 2013 a 2016, durante a Presidência de Obama, depois de ter passado quatro anos como director dos Serviços de Imigração e Cidadania.
Mayorkas, que é formado em Direito, nasceu há 60 anos em Havana, Cuba, tendo a família deixado a Ilha após a vitória da Revolução Cubana. Na Presidência de Obama, foi um dos que ajudaram a negociar a normalização das relações com Cuba, uma política que Donald Trump reverteu.
"Quando era muito novo, os EUA providenciaram a mim e à minha família um local de refúgio. Agora, fui nomeado para ser o Secretário de Segurança Interna e supervisionar a protecção de todos os norteamericanos e aqueles que fogem da perseguição à procura de uma vida melhor para si e para os seus", escreveu no Twitter, momento depois de ser indicado para o cargo.
Na Presidência de Obama, ajudou a desenhar a DACA, a política que permitiu às crianças que chegaram ilegalmente aos EUA ficarem isentas de deportação e terem autorização de trabalho, outra das iniciativas que Trump quis reverter.
Secretária do Tesouro: Janet Yellen
Ex-governadora da Reserva Federal é a primeira mulher secretária do Tesouro.
Será a primeira mulher a assumir esta pasta em 231 anos de história.
Yellen, uma economista de 74 anos, esteve à frente da Reserva Federal (o Banco Central dos EUA) entre 2014 e 2018 - também foi a primeira mulher nesse cargo - e foi a principal conselheira económica de Bill Clinton. É casada com o Nobel da Economia de 2001, George Akerlof.
Ao contrário do que tinha vindo a ser habitual, e para reforçar a ideia de independência da Reserva Federal, era habitual o Presidente reconduzir no cargo por mais quatro anos o governador que tinha herdado do antecessor. Contudo, Trump recusou Acredito fortemente que nós, seja quem for em quem votemos, vamos defender a integridade da nossa democracia e uma transferência pacífica de poder", afirmou no dia das eleições, a 3 de Novembro.
Conhecida pelas perguntas incisivas nas comissões em que fez parte no Senado, tem entre as prioridades reformar a Justiça Criminal dos EUA, um projecto visto como uma resposta às críticas dos progressistas ao seu trabalho como uma dura procuradora-geral da Califórnia.
KamalaHarrisvaiserempossada fazê-lo com Yellen, optando por nomear Jerome Powell.
À frente do Tesouro, Yellen herda uma economia abalada pela pandemia de coronavírus, com milhares de norte-americanos desempregados, e um papel mais difícil de ter de negociar um novo pacote de ajuda financeira com democratas e republicanos no Congresso. pela juíza do Tribunal Supremo Sónia Sotomayor.
Será um marco histórico na medida em que a primeira mulher Vice-Presidente, negra e sul-asiática faz o juramento perante a primeira juíza latina.
De acordo com uma fonte familiarizada com a decisão, foi Harris quem escolheu Sotomayor para o juramento.
Harris vai usar, também, duas Bíblias para o juramento, uma das quais pertencia a Thurgood Marshall, o primeiro juiz negro do Tribunal Supremo.
Harris tem uma admiração por
A antiga número dois da CIA é, também, a primeira mulher directora da Inteligência Nacional, que agrupa quase duas dezenas de secretas. Avril Haines, de 51 anos, já trabalha com Biden há mais de dez, tendo sido vice-conselheira da Comissão de Negócios Estrangeiros do Senado entre 2007 e 2008, quando ele estava na liderança (trabalhou com Blinken).
Haines, que nasceu em Nova Iorque, estudou Física em Chicago e Direito em Georgetown. No seu currículo tem, ainda, o facto de saber pilotar aviões, ter trabalhado numa oficina de carros e ter sido dona de uma livraria.
Durante a Presidência de Obama, foi assistente do Presidente e principal adjunta do conselheiro de Segurança
Sotomayor e Marshall. Ela e Sotomayor compartilharam experiências como procuradoras, e certa vez chamou Marshall – também formado pela Howard University - de um dos seus “maiores heróis”.
E esta é a segunda vez que Sotomayor participa numa tomada de posse. Em 2013, orientou a posse de Joe Biden como Vice-Presidente de Obama.
Kamala Devi Harris nasceu em Oakland, na Califórnia, a 20 de Outubro de 1964, é advogada e políticafiliadaaoPartidoDemocrata e senadora desde 3 de Janeiro de 2017. Anteriormente foi a procuradora-geral da Califórnia desde 2011, tendo sido a primeira mulher procuradora-geral do Estado. Foi aindaaprimeirasenadoradeorigem indiana e afro-americana.
Eleita procuradora-geral da
Nacional (substituindo Blinken, que tinha ido para o Departamento de Estado).
O cargo de director de Inteligência Nacional foi criado após os atentados de 11 de Setembro de 2001, para melhorar a coordenação das várias secretas a actuar em solo norte-americano. Segundo os especialistas, o facto de Biden a ter nomeado mostra que o cargo será central na sua Presidência.
Embaixadora para a ONU: Linda Thomas-Greenfield
Linda Thomas-Greenfield tem mais de três décadas de experiência no Departamento de Estado, tendo passado pelas missões em países como Libéria, Suíça, Paquistão, Quénia, Gâmbia, Nigéria ou Jamaica.
Na Presidência de Obama, Linda Thomas-Greenfield foi número dois do gabinete para os Assuntos Africanos.
Thomas-Greenfield, de 68 anos, tinha-se reformado em 2017 e desde então trabalhava para a empresa de diplomacia comercial da ex-secretária de Estado Madeleine Albright, além de ter dado aulas para o Instituto para o Estudo da Diplomacia.
"A minha mãe ensinoume a liderar com o poder da bondade e da compaixão para tornar o mundo num lugar melhor. Levei essa lição comigo ao longo da minha carreira no Serviço de Relações Externas - e farei o mesmo como embaixadora para as Nações Unidas", escreveu no Twitter, após a nomeação.
"Tive o privilégio de construir relações com líderes de todo o mundo nos últimos 35 anos. Como embaixadora dos EUA para as Nações Unidas, trabalharei para restaurar a posição da América no mundo e renovar as relações diplomáticas com os nossos aliados", acrescentou noutra mensagem.
Conselheiro de Segurança Nacional: Jake Sullivan
Jake Sullivan é outro dos que trabalham com Biden há vários anos, tendo sido seu conselheiro para esta área quando era VicePresidente (e quando Blinken deixou esse cargo). Foi também chefe de gabinete adjunto de
Califórnia em 2010, foi reeleita em 2014 e senadora pelo mesmo estado em 2016, mantendo no Senado uma postura crítica em relação ao Governo
Trump e sendo rotineiramente mencionada como uma potencial candidata à nomeação democrata para a eleição presidencial de 2020. Em Janeiro de 2019 formalizou a sua candidatura à Presidência, porém, encerrou a campanha em Dezembro do mesmo ano. Em Agosto deste mesmo ano foi escolhida por Joe Biden como companheira de chapa e, em Novembro, derrotaram Trump e Mike Pence.
Hillary Clinton, quando esta foi secretária de Estado, tendo tido um papel na sua candidatura presidencial.
De acordo com a sua biografia, "durante o seu tempo no Governo, Sullivan foi um dos principais negociadores nas conversações iniciais que preparam o caminho para o acordo nuclear com o Irão e desempenhou um papelchave nas negociações mediadas pelos EUA que levaram a um cessar-fogo em Gaza, em 2012". Além disso, terá ajudado a delinear a nova estratégia para a Ásia-Pacífico. Sullivan, que tem 44 anos, é o mais jovem no cargo desde McGeorge Bundy, que tinha 41 quando assumiu essa pasta na Presidência de John F. Kennedy.
Enviado especial para o Clima: John Kerry
Aos 76 anos de idade, John Kerry é o nome mais conhecido da equipa que Biden. O ex-secretário de Estado vai encarregar-se do Clima na nova Administração, o que mostra a importância que o Presidente Biden dá ao tema e à prioridade de voltar ao Acordo do Clima de Paris, que Trump rasgou. Na apresentação oficial, Kerry lembrou, contudo, que "Paris não chega" e é preciso fazer mais.
Foi Kerry que, em 2015, assinou o Acordo de Paris em nome dos EUA e, desde que deixou a Administração de Obama, fundou uma organização bipartidária que tem como objectivo chegar à neutralidade carbónica nos EUA até 2050.
"Será uma honra trabalhar com os nossos aliados e parceiros, junto com jovens líderes do movimento climático, para enfrentar a crise climática com a seriedade e a urgência que merece", escreveu no Twitter. Noutra mensagem, lembrou que volta ao governo para voltar a colocar a América no caminho da resposta ao maior desafio desta geração e daquelas que se seguem.