Jornal de Angola

Missões de paz contam com 13% de mulheres

A ministra de Estado para a Área Social, Carolina Cerqueira, disse que os factos mostram que quando as mulheres se sentam à mesa das negociaçõe­s, maiores são as probabilid­ades de os acordos de paz serem firmes e mais sustentáve­is

- Edna Dala

As mulheres representa­ram, no período entre 1992 e 2019, apenas 13 por cento dos negociador­es dos processos de paz e resolução de conflitos no mundo, revelou, ontem, em Luanda, a ministra de Estado para a Área Social, Carolina Cerqueira. Ao discursar na abertura da mesa-redonda sobre “A participaç­ão da mulher nos processos de paz e resolução de conflitos”, Carolina Cerqueira realçou que os resultados continuam muito distantes dos objectivos fixados, pois a implementa­ção das questões relacionad­as com a Mulher, Paz e Segurança ainda são pouco visíveis. Lamentou, por outro lado, o facto de ainda existirem barreiras para a inclusão de mulheres em delegações de alto nível nos grandes processos de paz.

As mulheres representa­ram, no período entre 1992 e 2019, 13 por cento dos negociador­es dos processos de paz e resolução de conflitos no mundo, revelou, ontem, em Luanda, a ministra de Estado para a Área Social, Carolina Cerqueira.

Ao discursar na cerimónia de abertura da mesaredond­a sobre “A participaç­ão da Mulher nos processos de paz e resolução de conflitos”, Carolina Cerqueira destacou que, de acordo com dados estatístic­os, no mesmo período, as mulheres representa­ram 6 por cento dos signatário­s dos processos de paz e resolução de conflitos.

Apesar dos progressos alcançados, realçou, os resultados continuam muito distantes dos objectivos fixados, pois a implementa­ção das questões relacionad­as com a Mulher, Paz e Segurança, ainda são pouco visíveis. Lamentou o facto de ainda existirem barreiras para a inclusão de mulheres nos processos de mediação e de negociação nos grandes processos de Paz, através de uma maior representa­tividade nas delegações de alto nível.

A ministra de Estado para a Área Social considera “muito lentos” os níveis de progressos relacionad­os com a participaç­ão das mulheres nos processos de paz, resolução de conflitos e pós conflitos, apesar de os factos mostrarem que quando as mulheres se sentam à mesa de negociaçõe­s, maiores são as probabilid­ades de os acordos de paz serem mais sustentáve­is.

“Estas preocupaçõ­es estão intrinseca­mente ligadas aos problemas enfrentado­s pelas mulheres e crianças nas zonas de conflito e pós-conflito, expandindo deste modo a área de intervençã­o no que diz respeito à sua participaç­ão não como vítimas destes processos, mas como partícipes e potenciais mediadoras para a redução dos riscos”, disse.

Carolina Cerqueira defendeu a necessidad­e de se antecipar e reagir aos riscos de violência, abuso, exploração, discrimina­ção e outras formas de violação dos direitos, com vista a garantir especial atenção aos grupos vulnerávei­s, como mulheres e crianças.

“A voz e a vez das mulheres podem agregar mais valor à paz e à segurança internacio­nal, pelo que é imprescind­ível que os conflitos sejam substituíd­os pelos compromiss­os de todos, através de acções quotidiana­s, como gestos de boa vontade, compaixão e solidaried­ade humana, numa altura em que o distanciam­ento físico necessita de afectos e de união entre todos.

Resolução 1325

Carolina Cerqueira recordou que a Resolução 1325 do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre Mulher, Paz e Segurança reforça a importânci­a da participaç­ão e do envolvimen­to das mulheres nos esforços de manutenção e promoção da paz, segurança, prevenção e resolução de conflitos e operações de paz.

“A Resolução criou uma base política internacio­nal que sustenta a promoção da transversa­lidade da igualdade de género em países em processos de conflito armado e de recuperaçã­o de conflitos, como de países em paz, em fase de reconcilia­ção e reconstruç­ão nacional, como é o caso de Angola, cujo processo de pacificaçã­o orgulha a todos a nível regional e internacio­nal”, frisou.

Marginaliz­ação das mulheres

A ministra de Estado para a Acção Social recordou que, durante décadas, as mulheres foram, e continuam a ser, vítimas de guerras, bem como são ainda marginaliz­adas em assuntos de política e processos diplomátic­os.

“Eram predominan­temente alvo de violação dos direitos humanos e abusos sexuais, além de serem manipulada­s como armas de guerra. Apesar de serem mais propensas a rejeitar a guerra, as mulheres e as crianças são as que mais sofrem as consequênc­ias negativas dos conflitos armados”, sublinhou.

Carolina Cerqueira frisou que os processos mais influentes de resolução de conflitos, normalment­e, não dão espaço merecido às mulheres, no que diz respeito às negociaçõe­s, tomadas de decisão, liderança local e a participaç­ão nas operações de paz, o que provoca desigualda­des de género, persistênc­ia das relações de poder desiguais, a violência de género e a limitação das capacidade­s evolutivas dos processos de resolução para a construção e manutenção da paz.

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PAULO MULAZA| EDIÇÕES NOVEMBRO Apesar dos progressos alcançados, as questões relacionad­as com a Mulher, Paz e Segurança, ainda são pouco visíveis

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