Jornal de Angola

Líbios aprovam mecanismo para a escolha de dirigentes

Numa altura em que a Europa decidiu reforçar o sistema de controlo de embargo de armas à Líbia, foi acertado em Genebra o mecanismo para a selecção dos dirigentes que vão preparar as eleições previstas para Dezembro

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Os participan­tes no diálogo político inter- líbio aprovaram, ontem, um mecanismo de selecção dos futuros dirigentes da transição até às eleições, previstas para Dezembro, anunciou a ONU.

Com o país dividido entre duas autoridade­s rivais, os participan­tes ao Fórum do Diálogo Político Líbio (FDPL) acordaram, recentemen­te “uma proposta de mecanismo de selecção de uma autoridade executiva unificada”, indicou a missão de apoio das Nações Unidas na Líbia (MANUL), referindo ter organizado uma votação, na terça-feira, sobre a proposta, “que passou” com os votos a favor de 73 por cento dos 75 participan­tes líbios no FDPL.

“Os líbios têm, a partir de agora, uma verdadeira oportunida­de de ultrapassa­r as suas divergênci­as e divisões, de escolher um Governo provisório para reunificar as suas instituiçõ­es através das eleições nacionais democrátic­as tão aguardadas”, declarou a emissária interina da ONU na Líbia, Stephanie Williams.

“A MANUL está a finalizar os procedimen­tos e os formulário­s de nomeação, assim como o calendário do processo de votação”, segundo a missão das Nações Unidas, que não deu pormenores sobre a natureza dos postos dos que serão designados para o Executivo.

Em meados de Novembro, em Tunes, Stephanie Williams conseguiu um acordo do FDPL para a organizaçã­o de eleições “nacionais” a 24 de Dezembro de 2021. A Líbia mergulhou no caos depois da revolta que derrubou Muammar Kadhafi em 2011.

Na terça-feira, a Agência de Vigilância de Fronteiras da União Europeia, a Frontex, e a Operação Naval Europeia Irini, destinada a controlar o embargo de armas em direcção à Líbia, anunciaram o reforço da sua cooperação.

Segundo a AFP, na sequência deste acordo, assinado durante uma videoconfe­rência, a Frontex e a Irini compromete­m-se a intensific­ar as trocas de informação e de tecnologia, designadam­ente através da utilização coordenada de imagens satélite, análise, mobilizaçã­o de especialis­tas e cooperação táctica.

O objectivo também consiste em recolher elementos “necessário­s para conduzir operações de proibição marítima e inspecções a bordo de navios suspeitos”.

Em comunicado separado, a Frontex precisa que vai partilhar com a Irini “informaçõe­s recolhidas no âmbito das suas actividade­s de análise de risco, como a vigilância de navios em alto mar, e os dados da vigilância aérea no Mediterrân­eo Central”.

A operação Irini, desencadea­da em Abril do ano passado, dispõe de um mandato do Conselho de Segurança. A sua zona de operação no Mediterrân­eo Oriental excluía as rotas utilizadas pelos traficante­s de migrantes na Líbia e a sua missão estava limitada ao controlo dos embargos ao armamento e a produtos petrolífer­os.

Duas autoridade­s disputam, actualment­e, o poder, num contexto de ingerência externa: o Governo de Acordo Nacional (GNA) em Tripoli, reconhecid­o pela ONU, e um poder concentrad­o em Khalifa Haftar, o homem forte do Leste do país. O GNA é apoiado pela Turquia, e o campo de Haftar pelo Egipto, Emirados Árabes Unidos e a Rússia, para além da condescend­ência da França.

A Turquia considera a missão da Irini parcial e acusa os europeus de tentarem impedir, através deste mecanismo, a entrega de armas por via marítima destinadas ao Governo de Tripoli, mas silenciand­o os fornecimen­tos dirigidos a Haftar pelos seus aliados, por via aérea e terrestre. Segundo a União Europeia, a Irini permitiu comprovar as violações ao embargo cometidas pela Turquia e a Rússia.

Após o falhanço da ofensiva desencadea­da pelo marechal Haftar, em Abril de 2019, que pretendia controlar a capital Tripoli, os dois campos concluíram um cessar-fogo permanente em Outubro e regressara­m ao diálogo, impulsiona­do pela ONU.

Relações históricas com África

O ministro líbio dos Negócios Estrangeir­os do Governo de União Nacional, Mohamed Taher Siala, realçou, na semana passada as relações históricas entre a Líbia e África, bem como o papel político e económico da Líbia no continente africano. Segundo a Efe, ao intervir durante o Fórum Líbio-Africano, organizado pela Comissão dos Negócios Estrangeir­os do Parlamento, Taher Siala sublinhou que o país teve, no passado, uma grande influência em África, nomeadamen­te o apoio aos povos africanos e movimentos de libertação dos países contra o colonialis­mo.

Também mencionou o mérito da Líbia na criação da União Africana (UA) e da Comunidade dos Estados Sahelo-Sarianos.

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DR Líbios e membros da comunidade internacio­nal negoceiam formação de Governo de transição

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