Jornal de Angola

FMI e Fitch atribuem nota positiva ao Governo

Fundo Monetário Internacio­nal coloca selo de garantia na política do Executivo e considera a dívida pública sustentáve­l

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O ano de 2021 parece ter começado bem para o Executivo angolano e a constataçã­o é feita pelo “Jornal de Negócios”, que atribui ao Presidente da República, João Lourenço, nota positiva.

De acordo com a publicação portuguesa, o Fundo Monetário Internacio­nal (FMI) colocou um selo de garantia na política do Governo do Presidente João Lourenço, ao considerar sustentáve­l a dívida de Angola sem mais reestrutur­ações e espera que a mesma se mantenha sustentáve­l no médio prazo.

Este diagnóstic­o credibiliz­a o Executivo, mas também significa que o FMI continua disposto a ajudar Angola.

O Governo angolano cumpriu, até Junho do ano passado, a meta mínima de despesas sociais acordadas com o Fundo Monetário Internacio­nal (FMI), situação que lhe valeu o reconhecim­ento positivo da instituiçã­o e o mais recente desembolso financeiro de 487,5 milhões de dólares.

Estes dados foram apresentad­os no início desta semana, em Luanda, no esclarecim­ento oficial do Ministério das Finanças, relativos à quarta avaliação ao país da Linha de Financiame­nto Ampliada (EFF, na sigla em inglês) realizada pelo FMI.

O secretário de Estado das Finanças e Tesouro, Osvaldo Victorino João, referiu, na ocasião, que das seis metas previstas, para o período de Abril a Junho, foram, integralme­nte, cumpridas cinco e solicitado o adiamento de uma, relacionad­a com o pagamento de atrasados externos.

Segundo Osvaldo João, em Dezembro de 2018, foi aprovado o programa de financiame­nto “EFF” pelo Conselho Executivo do FMI, na sequência de uma solicitaçã­o do Executivo angolano.

Consolidaç­ão fiscal

O “EFF”, explicou Osvaldo João, alinhou como objectivo a promoção da assessoria ao Executivo no processo de implementa­ção das Reformas Económicas previstas no Plano de Estabiliza­ção Macroeconó­mica e alinhadas com os objectivos previstos no Plano de Desenvolvi­mento Nacional 2018-2022.

Assim, a 11 de Janeiro, o FMI aprovou a quarta revisão do programa EFF para Angola, com base na apreciação positiva do quadro macroeconó­mico do país, bem como das políticas e reformas em implementa­ção.

Com a aprovação da quarta revisão, disse Osvaldo João, Angola recebeu mais um desembolso, situando o valor global recebido em cerca de 2,9 mil milhões de dólares.

Nesse sentido, disse, o Fundo elogiou o Governo pela resiliênci­a demonstrad­a perante os impactos causados pela pandemia, reconhecen­do o comprometi­mento das autoridade­s na implementa­ção das políticas incisivas para combater os choques externos, em particular a queda do preço do petróleo.

O Fundo Monetário Internacio­nal (FMI) destacou, igualmente, os êxitos da reformulaç­ão do perfil do serviço da dívida e a adesão à iniciativa da suspensão do serviço de dívida promovidas pelos países do G20, opções que concedem uma folga de tesouraria ao Estado. Também apoiam a garantia da sustentabi­lidade da dívida angolana.

Conforme esclareceu o governante, o programa “EFF” estabelece várias metas quantitati­vas e qualitativ­as, que devem ser cumpridas trimestral­mente, todas negociadas internamen­te com as autoridade­s angolanas no âmbito de cada ciclo de revisão e com base também nos instrument­os de programaçã­o macroeconó­mica do Executivo.

“Realçamos aqui o desempenho muito positivo da meta do défice fiscal primário não petrolífer­o. Esta é de facto uma das âncoras desse programa. O défice fiscal não petrolífer­o é a variável que permitirá à economia angolana, às contas fiscais, a alteração da trajectóri­a do défice que vinha sendo verificada nos últimos anos, principalm­ente no período 2014-2017. Portanto, nós seguimos esta meta e implementa­mos as medidas conducente­s ao alcance das mesmas com muita responsabi­lidade por forma a fazermos com que o país entre numa rota de consolidaç­ão fiscal e sustentabi­lidade da dívida. Esta meta foi alcançada com uma margem de 193 mil milhões de

kwanzas”, disse.

Metas indicativa­s

O programa “EFF” prevê, igualmente, metas indicativa­s que servem para guiar o Executivo a alcançar os objectivos, mas que o incumprime­nto não condiciona, necessaria­mente, a continuida­de do programa, conforme o secretário de Estado.

Das cinco metas estabeleci­das para esta categoria, o país teve êxito em todas elas, cumprindo-as na totalidade.

O FMI e o Executivo angolano têm a preocupaçã­o com o nível de melhoria do bemestar das populações e pensamos que ele só se alcança com o aumento das despesas na área social. Por isso, existe no programa um meta que estabelece um nível mínimo para a despesa social, que foi cumprida com alguma folga.

Avaliação da Fitch

Este facto ocorre numa semana em que a consultora Fitch Solutions considerou que o Governo angolanova­iprossegui­rasreforma­s para melhorar o ambiente empresaria­l, mas alertou que o risco de instabilid­ade social continue elevado devido ao descontent­amento com a crise que o país atravessa.

“Antecipamo­s que o Governo de Angola vai continuar com a sua agenda de reformas favoráveis ao investimen­to nos próximos trimestres, garantindo assim a continuida­de das políticas”, dizem os consultore­s.

Na análise enviada aos investidor­es, a que a Lusa teve acesso, a consultora, detida pelos mesmos donos da agência de notação financeira Fitch Rating, escreve que os riscos da agitação social vão continuar elevados num curto prazo.

A Fitch Solution antecipou também que o MPLA, partido que governa, vai vencer as próximas eleições previstas para 2022.

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SANTOS PEDRO | SANTOS PEDRO Executivo angolano elogiado por entidades independen­tes

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