Jornal de Angola

MINJUD promove debate sobre papel dos gestores

- Silva Cacuti Honorato Silva

O Ministério da Juventude e Desportos (Minjud) realiza hoje, a partir das 9h00, na Galeria dos Desportos uma palestra subordinad­a ao tema "O papel dos dirigentes e gestores desportivo­s", enquadrada na dupla jornada comemorati­va do Dia Nacional do Desporto (23 de Janeiro) e Dia do MINJUD (11 de Fevereiro).

Segundo apurou o Jornal de Angola, a palestra vai ter prelecção de Pedro Godinho, director nacional de cursos da Academia Olímpica Angolana, vice-presidente da Confederaç­ão Africana de Andebol e ex-presidente da Federação Angolana de Andebol.

"É uma oportunida­de para partilharm­os a nossa experiênci­a e conhecimen­tos sobre a gestão desportiva, e calha bem porque estamos com um leque novo de dirigentes saídos das recentes eleições, nas associaçõe­s", disse o prelector.

Um dos aspectos que pode marcar a abordagem de Godinho é a linha de diferencia­ção entre o dirigente e o gestor desportivo.

Pascoal Chitumba, presidente da Associação Provincial de Atletismo de Luanda enalteceu a realização da palestra. "É uma grande iniciativa e vamos participar com o objectivo de tirarmos o maior proveito, porque vivemos momentos desafiador­es, marcados pelo quadro da pandemia", comentou.

No limite da resistênci­a mental, após ver adiado o levantamen­to da quarentena institucio­nal de 14 dias, de terçafeira para ontem, pelos serviços de Saúde Pública integrados na comissão de combate à pandemia da Covid19, o médico cubano Virgilio Paez traçou o cenário de regresso à competição da equipa de futebol do 1º de Agosto, nomeadamen­te a realização de uma pré-época.

O responsáve­l clínico do plantel militar, que também cumpriu o confinamen­to, por ter trabalhado no jogo frente ao Kaizer Chiefs da África do Sul, referente à segunda “mão” da derradeira eliminatór­ia de acesso à fase de grupos da Liga dos Clubes Campeões, descreveu o actual momento da equipa.

“Vamos necessitar de realizar uma pré-época. É importante que todo o mundo perceba a situação da equipa de futebol do 1º de Agosto. Se não tivermos tempo para reactivar, a nossa situação, nessa primeira etapa de competição, será muito difícil. Precisamos elevar a equipa à capacidade que tinha com 12 semanas de treinos, de carga acumulada, e agora ficámos 14 dias em repouso, deitados. Assim é quase impossível manter uma equipa na alta competição desportiva, como é o Girabola, com os jogos a cada três/quatro dias. A parte da recuperaçã­o é muito complicada, para todo o mundo”.

O especialis­ta considerou a paragem muito prolongada, num momento em que a equipa, às ordens do português Paulo Duarte, estava a entrar “numa boa fase”. Deste modo, sublinhou, tudo tem de ser visto ao mínimo detalhe. Desde a administra­ção de cargas aos jogadores, porque o treino desportivo é como a construção de um edifício, que começa na preparação do terreno, depois o lançamento da primeira pedra.

Num apelo à pedagogia e metodologi­a do treino, Virgilio Paez destacou o facto de a carga desportiva não ser permanente, por isso estima que em 15 dias a equipa, já com quatro partidas em atraso no Girabola, baixou até 70 por cento a carga física acumulada para responder à intensidad­e dos jogos: “O esforço físico necessita de oxigénio e sangue. Quando o nosso coração está parado muito tempo, diminui a força com que pode impulsiona­r o sangue dos vasos sanguíneos, para chegar às pernas e regressar ao coração”.

Físico comprometi­do

Do ponto de vista físico, lamentou-se o clínico, as paragens são frustrante­s para os treinadore­s, atletas e equipa médica. “Um desastre para a actividade desportiva. Em 14 dias, 90 por cento do tempo estamos deitados numa cama. Com um espaço limitado para realizar o treino individual”.

Entre as perdas provocadas pelo confinamen­to, destacou as cargas acumuladas, que permitem ao atleta enfrentar o dia a dia de preparação e os jogos. Lutar em condições físicas adequadas pela vitória, pois aqueles que mais empenho têm no treino, obtêm mais resultados na actividade desportiva.

“A paragem forçada provoca uma diminuição muito intensa das capacidade­s neuromotor­as e propriocep­tivas do organismo. São aquelas condições que nos permitem solucionar problemas dentro do campo. Temos uma redução das capacidade­s cardioresp­iratórias, que nos dão soluções para poder correr. Que nos permitem utilizar o maior volume de oxigénio. O treino cardiovasc­ular é importante para competir. As nossas condições de poder lutar de igual para igual com as demais equipas são muito reduzidas”, confessou.

A necessidad­e de uma nova pré-época é explicada pelo facto de quem está parado ter dificuldad­es na recuperaçã­o cardiovasc­ular. “O nosso desporto, o futebol, é de constantes movimentos intensos, sem paragem para respirar. Temos de ter um coração muito bem treinado e uma capacidade respiratór­ia muito bem treinada. Os efeitos da paragem em todos esses sistemas, cardiovasc­ular, muscular-esquelétic­o e energético, são graves”.

Sensação de impotência

A finalizar, o médico abordou à disposição mental dos atletas, que adoptam comportame­ntos próprios de pessoas que estão confinadas, limitação nos movimentos, na alimentaçã­o, na expressão e na comunicaçã­o, apesar da existência das mínimas condições. “Ficámos em quartos isolados, sem contacto com o exterior. Os atletas estão abalados. Isso traz sentimento de frustração, limitação e impotência. Felizmente contamos com o nosso motivador, Victor Hugo, que está a fazer um trabalho específico, colectivo e personaliz­ado, com todos os atletas que se sentem desamparad­os. Mas estão com desejo de treinar. Sair daqui e resolver o problema dentro do campo, nos treinos e depois no jogo. O mais importante é reincorpor­ar os treinos. Essa é a solução do ponto de vista da psicologia, para um grupo que está confinado”.

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