Jornal de Angola

País admite pesquisa em zonas protegidas

- Cristóvão Neto

Angola procura soluções de equilíbrio ao preparar legislação para a exploração de recursos minerais, incluindo petróleo, em zonas naturais protegidas, tendo estabeleci­do operações conjuntas com o Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente (MCTA) para obter resultados consonante­s como as melhores práticas ambientais.

Isso mesmo foi dito ontem, em Luanda, pelo ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, num encontro com jornalista­s denominado “Matabicho com a Media”, onde declarou que Angola não vai prescindir dos recursos minerais de cuja prevalênci­a há indícios em áreas protegidas.

“Este Governo é extremamen­te sensível às questões ambientais, mas também somos racionais”, afirmou Diamantino Azevedo quando questionad­o sobre o assunto, apontando, como parte das áreas em que há ocorrência da existência de recursos minerais, fracções do Parque Nacional da Quiçama e “da fronteira”, numa referência a regiões da província do Cuando Cubango.

O presidente do Conselho de Administra­ção da Agência de Petróleo, Gás e Biocombust­íveis (ANPG), Paulino Jerónimo, que secundou o ministro na abordagem deste tema, descreveu mecanismos da actuação dos dois Ministério­s que garantem o equilíbrio entre a decisão de perfurar e a preservaçã­o ambiental.

Segundo Paulino Jerónimo, um estudo de pré-viabilidad­e ambiental consagrado à perfuração já está concluído, ao que se seguem consultas públicas, além de recebiment­os em bónus de operação que revertem a favor da restauraçã­o do terreno impactado, uma lista parcial dos processos que garantem o equilíbrio das decisões.

Mais tarde, durante o encontro, o director nacional dos Petróleos, Alcides dos Santos, pronunciou-se sobre a componente das políticas ambientais definida sobre os acidentes ao longo do processo de produção, declarando que “as penalidade­s”, algo de que se encarrega o MCTA, “não são nada leves”.

Alcides dos Santos lembrou as operações para eliminar uma mancha de óleo que, nos últimos meses de 2020, emergiu do processo de transferên­cia de crude para um petroleiro no Bloco 32, operado por uma companhia internacio­nal.

Naquela ocasião, disse, os operadores da indústria petrolífer­a angolana mobilizara­m meios, num regime de partilha, montando uma manobra que levou à dissipação da mancha, no quadro da observação das medidas previstas no estudo de impacto ambiental.

Reversão do declínio

Durante este ano de 2021, Angola necessita agregar entre 100 e 140 mil barris de petróleo por dia (bpd) à produção para manter uma produção de 1,220 milhões de bpd, de acordo com estimativa­s apresentad­as pelo presidente do Conselho de Administra­ção da ANPG.

Paulino Jerónimo enumerou as cifras da produção nacional de crude, que regista um declínio médio de 15 por cento ao ano, algo que, em 2021, representa­ria uma perda de 190 mil bpd ou uma extracção de apenas 1,080 milhões de bpd, se não estivessem em curso medidas para agregar novos barris à produção.

A estratégia da ANPG, revelou o presidente da ANPG, é conseguida com a integração da produção de campos marginais, como o N’singa, já operaciona­l no Bloco 0, bem como de recursos adicionais de campos maduros e o desempenho de outros activos, reduzindo as paragens não planificad­as.

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VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO Ministro Diamantino Azevedo no encontro com a “media”

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