“Caçadores actuam de madrugada
Na companhia do seu ajudante, António Fina, 65 anos, que tem a perna esquerda amputada, accionou uma mina anti-pessoal durante o conflito armado, depois de ver os sacos de lixo colocados no chão, estacionou a motorizada bem defronte ao portão da residência da dona Domingas Pio, no bairro Dr. António Agostinho Neto.
António faz parte do grupo de quatro indivíduos que beneficiou, em nome dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, de uma motorizada para a recolha de lixo nos bairros do Lubango. Devido à sua condição física, fez uma adaptação ao motociclo. Colocou uma alavanca de ferro na embraiagem.
O ancião, que tem uma carta de condução que o habilita a conduzir veículos pesados, ligeiros e motociclos, defende a intensificação de acções de sensibilização às famílias, no sentido de aderirem ao programa de recolha de lixo “porta a porta”, por ser mais seguro e eficiente.
Antigo técnico de operações das ex-Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (ex-FAPLA), integrou os trabalhos de recolha de lixo em Julho do ano passado, no âmbito de um projecto que abrangeu os Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, percorre, diariamente, mais de 200 quilómetros para recolher o lixo produzido por um total de 108 moradores, nos bairros A Luta Continua e Dr. António Agostinho Neto.
“Quando pensava que era inútil, fui integrado neste projecto, para a minha satisfação e de toda a família”, disse, para de seguida reclamar da falta de luvas. De acordo com António Fina, nos sacos colocam cacos de garrafa, ferros e outros objectos cortantes que podem causar ferimentos nas mãos, e por isso tornase perigoso manusear o lixo sem luvas.
“Por uma questão de higiene e segurança, os resíduos sólidos devem ser acondicionados em sacos, de preferência de 50 quilogramas”, disse o transportador Caveto Paiva. Quem também actua ao volante de uma “Kaleluia” é Guilherme Tyissukila. O jovem de 28 anos, que trabalha das 5h30 às 12h00, atende um total de 270 moradias, nos bairros Santo António e Comercial.
Outro “caçador” de lixo responde pelo nome de João Madeira, que actua a partir das 4h00, nas ruas 4 de Fevereiro e Laureanos, no bairro Lucrécia. Ele pisa fundo no acelerador. Está sempre apressado. “Tenho muitas casas para atender. Por isso devo mesmo me despachar”, disse, ao Jornal
de Angola, para lamentar o comportamento das pessoas que, sem estarem abrangidas no processo, colocam o lixo defronte ao portão de quem tem um contrato válido.
Os moradores (clientes) pagam 200 kwanzas por semana ou 800 kwanzas por mês. Cada um dos “transportadores de lixo” actua em nome da organização em que está filiado, para a realização do trabalho, e ganham por percentagem do valor total arrecadado durante o mês.
Os moradores (clientes) pagam 200 kwanzas por semana ou 800 kwanzas por mês. Cada um dos “transportadore s de lixo” actua em nome da organização em que está filiado, para a realização do trabalho