Jornal de Angola

COMBATE AO TERRORISMO

O Governo sul-africano voltou a mostrar estranheza pelo silêncio de Moçambique quanto a um possível pedido de apoio no combate aos grupos armados no Norte do país

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África do Sul estranha silêncio de Moçambique

O Governo sul-africano está “perplexo” perante “o silêncio” das autoridade­s moçambican­as sobre o tipo de apoio internacio­nal que necessitam para enfrentar a violência armada em Cabo Delgado, Norte de Moçambique, disse ontem à Lusa um porta-voz ministeria­l.

“A ministra das Relações Internacio­nais, Naledi Pandor, está perplexa, não entende por que é Moçambique não especifica o tipo de assistênci­a, se precisam de ajuda, mas pode ser que não precisem de ajuda directa da África do Sul ou algo assim, mas eu não posso falar por eles, seriam eles a explicar”, declarou à Lusa o porta-voz ministeria­l, Lunga Ngqengelel­e.

Os países da região, reunidos na Comunidade de Desenvolvi­mento da África Austral (SADC), também estão empenhados com a resposta à violência em Cabo Delgado, revelou. “Moçambique faz parte da SADC e os seus órgãos estão a discutir as questões de Moçambique, por isso estamos a participar nessas reuniões, disse em entrevista à Lusa, Lunga Ngqengelel­e.

O porta-voz ministeria­l sul-africano reiterou que o Governo de Moçambique deve especifica­r a ajuda internacio­nal regional que pediu para combater a violência armada no Norte do país, que já causou mais de duas mil mortes e meio milhão de pessoas deslocadas, e onde avança o maior investimen­to privado de África para exploração de gás natural. “A África do Sul não tem problemas em ajudar

Moçambique através da SADC. Mas no que se refere a nós, para ajudar o país irmão de Moçambique, ele deve dar o primeiro passo para pedir ajuda e ser específico em termos do que quer para que possamos responder”, frisou Lunga Ngqengelel­e.

“Se requerem, por exemplo, assistênci­a com vigilância em termos de uso de helicópter­os, ou assistênci­a marítima, precisamos de ter um pedido específico vindo de Moçambique que possamos considerar e ser capazes de responder, o que até agora não aconteceu”, adiantou.

“Como vizinhos imediatos há uma expectativ­a até da imprensa de que tenhamos algum tipo de reunião com Moçambique e daí as questões que nos colocam se relacionar­em com o que nós, como país, estamos a fazer, mas a nossa postura, é a de que não podemos impor-nos”, salientou Lunga Ngqengelel­e.

Em Janeiro, a ministra das Relações Internacio­nais e Cooperação da África do Sul, Naledi Pandor, considerou preocupant­e a “incapacida­de” dos países da África Austral para encontrar uma solução conjunta para a violência armada no Norte de Moçambique.

Incapacida­de da SADC

“A situação em Moçambique e a nossa incapacida­de como SADC (Comunidade de Desenvolvi­mento da África Austral) em acordar o tipo de apoio conjunto que poderemos providenci­ar, continua a ser um enigma muito preocupant­e para nós, o Governo sul-africano”, declarou Naledi Pandor numa videoconfe­rência promovida pelo Instituto de Relações Internacio­nais do Reino Unido, a partir de Londres.

Em Maio passado, a “troika' do órgão de Política, Defesa e Segurança da SADC esteve reunida em Harare, capital do Zimbabwe, e compromete­u-se a apoiar o Governo de Moçambique na luta contra os grupos armados em Cabo Delgado, sem, no entanto, avançar mais detalhes.

A Comunidade de Desenvolvi­mento da África Austral voltou a adiar, provavelme­nte para Maio, uma cimeira extraordin­ária de Chefes de Estado e Governo prevista para Março, e que tinha sido anunciada em Dezembro, anunciaram no início deste mês as autoridade­s moçambican­as que exercem a presidênci­a em exercício do bloco regional. A província moçambican­a de Cabo Delgado está sob ataque desde Outubro de 2017, por insurgente­s classifica­dos desde o início de 2020 pelas autoridade­s moçambican­as e internacio­nais como uma “ameaça terrorista”.

“A África do Sul não tem problemas em ajudar Moçambique através da SADC. Mas no que se refere a nós, para ajudar o país irmão, ele deve dar o primeiro passo e ser específico em termos do que quer”

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DR As forças sul-africanas estão disponívei­s a entrar em acção na região Norte de Moçambique

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