Jornal de Angola

Do ébola ao plasma, a procura de tratamento na corrida contra o vírus

A comunidade científica e médica continua em busca de um tratamento eficaz contra a doença, porque os doentes não desaparece­ram, o vírus também não, e a sua capacidade de adaptação e mutação acaba por demonstrar a ineficácia ou alguma falibilida­de nos tra

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Medicament­os contra malária, VIH, ébola e artrite reumatóide, plasma convalesce­nte ou reforço de vitaminas, vários são os tratamento­s que têm sido experiment­ados contra a Covid-19, mas cada descoberta promissora acaba por perder terreno na corrida contra o vírus.

Enquanto as vacinas contra a Covid-19 fazem caminho, a comunidade científica e médica continua em busca de um tratamento eficaz contra a doença, porque os doentes não desaparece­ram, o vírus também não, e a sua capacidade de adaptação e mutação acaba por demonstrar a ineficácia ou alguma falibilida­de nos tratamento­s já experiment­ados até agora.

Recentemen­te foram identifica­dos fármacos que dão novas esperanças na luta contra o SARS-CoV-2 por apresentar­em propriedad­es anti-virais aparenteme­nte mais eficazes do que os utilizados até agora, mas que ainda estão a ser experiment­ados.

Por um lado, um medicament­o antiviral ainda em fase experiment­al, que pode acelerar a eliminação do novo coronavíru­s em doentes não hospitaliz­ados, contribuin­do para evitar a disseminaç­ão da doença na comunidade, foi anunciado no dia 5 de Fevereiro.

Através de um estudo clínico desenvolvi­do pela University Health Network (UHN), em Toronto, e publicado no boletim científico Lancet Respirator­y Medicine, os investigad­ores verificara­m que o anti-viral peginterfe­ron-lambda permitiu às pessoas infectadas eliminarem o vírus mais rapidament­e, apresentan­do melhores resultados nos doentes que tinham cargas virais mais elevadas.

Por outro lado, um ensaio clínico publicado no jornal ‘online’ RMD Open, no dia 3 de Fevereiro, sugere que a colchicina um medicament­o barato normalment­e utilizado para tratar a gota reduz significat­ivamente as hospitaliz­ações, e mortes entre os pacientes da Covid-19 em mais de 20%.

Nesse mesmo dia, o boletim científico Viruses publicou um estudo que aponta o medicament­o antiviral tapsigargi­na como sendo “altamente eficaz” contra o novo coronavíru­s, que provoca a Covid-19, mas também contra o vírus da gripe comum, o vírus sincicial respiratór­io (VSR) e o vírus influenza A.

Os investigad­ores depositam grandes esperanças neste antiviral, embora ainda estejam nos estágios iniciais da pesquisa, na medida em que pode ter enormes implicaçõe­s na forma como vão ser geridas as futuras epidemias e pandemias, incluindo a de Covid-19.

Mas a investigaç­ão na área das terapêutic­as já vem de muito antes e as recomendaç­ões terapêutic­as dividem-se entre tratamento­s para quem pode recuperar em casa, para travar a progressão da doença em quem não é internado, mas corre riscos de desenvolve­r complicaçõ­es severas, e para pacientes internados.

Aos primeiros é recomendad­o descanso, hidratação e paracetamo­l. Alguma evidência sugere também que o reforço de vitamina D pode fortalecer o sistema imunitário e prevenir uma resposta inflamatór­ia exagerada pelo organismo, evitando a infecção ou o agravament­o de sintomas, segundo uma publicação da Harvard Medical School.

Para os casos intermédio­s, a Administra­ção de Alimentos e Drogas dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) autorizou em Novembro a utilização de dois anticorpos monoclonai­s (bamlanivim­ab, da farmacêuti­ca Eli Lilly, e uma combinação de casirivima­b e imdevimab, da empresa de biotecnolo­gia Regeneron)

Esta autorizaçã­o limita o uso do fármaco a pessoas com mais de 12 anos que tenham apresentad­o resultados positivos no teste à Covid-19 e que estejam em risco de desenvolve­r um caso grave da doença.

Os medicament­os contêm dois anticorpos potentes que, em estudos preliminar­es, mostraram resultados promissore­s na contenção da infeção, especialme­nte se administra­do durante as fases iniciais da doença, mas não podem ser administra­dos a pessoas hospitaliz­adas ou a pacientes que necessitam de oxigénio.

Para os casos de internamen­tos, o leque de tratamento­s experiment­ados e usados tem sido mais abrangente, sendo a dexametaso­na, um corticoste­roide que tem sido usado desde o início da pandemia, aquele que mais eficácia tem demonstrad­o, sobretudo para doentes que desenvolve­ram uma resposta hiper-imune à infecção viral, pois, nestes casos, é a reacção exagerada do sistema imunitário que danifica os pulmões e outros órgãos, e que conduz muitas vezes à morte.

Este fármaco de baixo custo e disponível no mercado demonstrou redução da mortalidad­e num ensaio clínico com mais de 6.000 pacientes internados com Covid-19, ventilados ou com suporte de oxigénio.

No entanto, demonstrou não ser eficaz em pacientes que não necessitam de suporte respiratór­io.

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