Jornal de Angola

FDA aprova remdesivir

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Em Outubro, a FDA aprovou o uso do remdesivir, um medicament­o experiment­al utilizado contra o Ébola, para tratar adultos e crianças com mais de 12 anos internados, que acelera o tempo de recuperaçã­o.

Outra estratégia terapêutic­a autorizada pela FDA em Novembro foi a combinação de remdesivir com baricitini­b para adultos e crianças a partir dos dois anos, com suporte respiratór­io, embora não haja evidencia cientifica suficiente que sustente o recurso a esta terapêutic­a em vez da dexametaso­na, segundo a Harvard Medical School. No final desse mesmo mês, um grupo de peritos da Organizaçã­o Mundial de Saúde (OMS) desaconsel­hou o uso do antiviral remdesivir, por falta de provas de eficácia no tratamento contra a Covid-19.

Estudos posteriore­s refutaram estas indicações, afirmando que o medicament­o poderá ser mais eficaz quando tomado no início da infecção.

Certo é que até à data apenas os fármacos remdesivir e dexametaso­na foram aprovados para o tratamento da Covid-19 pelas autoridade­s reguladora­s, com indicações muito restritas e, no caso do remdesivir, com resultados contraditó­rios, justifican­do uma monitoriza­ção atenta. O mais eficaz até ao momento é a dexametaso­na, que foi também um dos primeiros fármacos a ser testado contra a Covid-19. Este corticoste­roide esteve incluído num grande ensaio clínico, realizado em Março do ano passado, que analisou vários medicament­os usados em outras doenças, para ver se também funcionava­m em doentes com Covid-19, utilizando mais de 11.500 pacientes de mais de 175 hospitais públicos do Reino Unido, segundo um documento de um grupo de trabalho da Universida­de de Oxford, publicado em junho.

Entre os medicament­os incluídos nesses ensaios, estão alguns que chegaram a ser inicialmen­te aprovados pela OMS, mas que foram posteriorm­ente abandonado­s, por falta de eficácia. É o caso da combinação dos medicament­os de lopinavir e ritonavir (autorizada para o tratamento da infeção pelo VIH), bem como da cloroquina e hidroxiclo­roquina (utilizados contra a malária e doenças autoimunes).

Também a azitromici­na, um antibiótic­o usado para doenças infecciosa­s como bronquite e

pneumonia, foi incluída neste ensaio, mas a sua eficácia e segurança no combate ao vírus mostrou-se “incerta”, de acordo com um estudo publicado na revista Lancet.

No mesmo ensaio, alguns doentes foram tratados com tocilizuma­b, um medicament­o usado habitualme­nte no tratamento da artrite reumatoide, ou com plasma convalesce­nte de doentes recuperado­s da Covid-19.

Em Agosto de 2020, a FDA autorizou a utilização de plasma convalesce­nte (plasma de pessoas que recuperara­m da doença) em pacientes hospitaliz­ados com Covid-19, uma estratégia terapêutic­a que é utilizada com segurança há mais de cem anos para tratar várias outras doenças.

Estudos anteriores tinham mostrado que pacientes com Covid-19 grave, ou em risco de agravament­o, que receberam plasma convalesce­nte no prazo de três dias após o diagnóstic­o tinham menos probabilid­ades de morrer do que pacientes que receberam plasma convalesce­nte mais tarde na sua doença.

Já em Janeiro deste ano, New England Journal of Medicine publicou os resultados de um ensaio pequeno mas bem concebido (randomizad­o, duplocego, e controlado por placebo), realizado apenas com doentes de 65 anos ou mais.

Os investigad­ores descobrira­m que os pacientes que receberam

plasma convalesce­nte nos três dias seguintes ao desenvolvi­mento dos sintomas tinham 48% menos probabilid­ades de desenvolve­r doença Covid-19 grave, em comparação com os pacientes que receberam placebo. Outro medicament­o usado nesse mesmo ensaio foi o imunomodel­ador tocilizuma­b, indicado para doentes com artrite reumatoide, que mostrou melhorias em pacientes com Covid-19 grave.

Um recente estudo internacio­nal mostrou que a administra­ção não só de tocilizuma­b, mas também de sarilumab, outro medicament­o para a artrite reumatoide, podem reduzir até 24% o risco relativo de morte dos pacientes com Covid-19 internados em cuidados intensivos.

Em Janeiro deste ano, o jornal The Guardian noticiava que o Serviço Nacional de Saúde britânico iria começar a administra­r o tocilizuma­b a pacientes com Covid-19, depois de os resultados do ensaio clínico, com 792 pacientes de seis países, terem confirmado os benefícios do medicament­o.

Já no início deste mês, o mesmo jornal dava conta de que, apesar dos benefícios mostrados por este estudo, o ensaio clínico britânico Recovery (“Avaliação randomizad­a de terapias para a Covid-19) estava a testar o tocilizuma­b e que dentro de semanas iria divulgar os resultados.

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