Alegre romaria para a vacinação
Desde o dia 10 de Março, Complexo Turístico “Paz Flor”, tornou-se no centro de imunização contra o novo coronavírus, em Luanda. Nesta fase, estão a ser vacinados profissionais de saúde e idosos com mais de 65 anos, desde que tenham comorbilidades. Hoje, o
“Paz Flor” é um dos locais escolhidos para a campanha de vacinação massiva contra a Covid-19, em Luanda. Todos os dias, desde a última quarta-feira, centenas de pessoas, sobretudo idosas, por pertencerem ao grupo de risco, acorrem ao complexo turístico localizado no Morro Bento, Distrito Urbano da Maianga. O Jornal de Angola faz um pequeno retrato do complexo e traz o testemunho de pessoas que cumpriram a primeira etapa da imunização. Chegam, também, exemplos de profissionais que estão na linha da frente no combate à doença, como médicos e enfermeiros.
Logo à chegada ao Complexo Turístico “Paz Flor”, em Luanda, é visível o estacionamento de viaturas no parque interior e do lado de fora daquele estabelecimento. À entrada principal, uma faixa com fundo azul e letras vermelhas informa: Covid-19 - Posto de Vacinação. Localizado no bairro Morro Bento, o complexo tornou-se, desde o dia 10 de Março, num dos locais de imunização contra o novo coronavírus, em Luanda.
A pronta intervenção dos agentes reguladores de trânsito e dos seguranças facilita a orientação de quem precisa estacionar a viatura ou solicitar alguma informação sobre o processo em curso.
O acesso ao local é feito após a medição da temperatura. Nesta fase, estão a ser imunizados os profissionais de saúde e idosos com mais de 65 anos, desde que tenham comorbilidades. Antes do acesso à tenda de vacinação, são feitas duas longas filas, sendo uma exclusiva para os idosos. O objectivo é tornar célere o processo de vacinação.
Após a higienização das mãos com álcool em gel, um grupo de dez pessoas tem “luz verde” para o acesso à tenda, onde estão 20 mesas disponíveis para a imunização. O atendimento é feito por ordem de chegada. A tenda está dividida em várias áreas, nomeadamente registo, triagem clínica, vacinação e repouso.
Relatos de quem apanhou a vacina
Quando eram 9h00, de quarta-feira, Moisés Chivukuvuku já tinha recebido a primeira dose da vacina da Astrazeneca e aguardava, pacientemente, pelo cartão e recomendações após a imunização.
O ancião, de 89 anos de idade, revelou que foi a filha mais velha quem o inscreveu para receber a vacina, através da plataforma electrónica criada para o efeito. Pastor reformado da Igreja Evangélica Congregacional em Angola (IECA), Moisés Chivukuvuku elogiou "a boa organização e celeridade" do processo.
“Saímos de casa cedo, para evitar longas filas, mas, chegados aqui, vimos que os idosos têm prioridade. Em apenas 10 minutos, já tinha sido vacinado", disse.
À saída do local, a passos lentos, em função da idade, Moisés Chivukuvuku disse esperar que a vacina o proteja da Covid-19 e que não surjam efeitos adversos, para poder seguir a vida normal que sempre teve, apesar da idade.
Faltavam cinco minutos para Marta Helena, 81 anos, levantar-se da cadeira, onde estava sentada a ouvir atentamente alguns conselhos úteis sobre a vacina, quando foi chamada para receber o cartão de vacina.
“Saímos de casa às 5h00 da manhã. Eu e o meu marido já encontrámos uma lista de presença com vários nomes, mas depois fomos encaminhados para uma sala onde estavam pessoas da nossa idade”, contou. À reportagem do Jornal
de Angola não escondeu o receio que sentiu ao ser imunizada. “Cumpri o meu dever, sinto-me mais protegida”, referiu a idosa.
Eduardo Neto também faz parte da terceira idade. Disse que, tão logo ouviu a notícia sobre o início da campanha de vacinação, decidiu que tinha de ser vacinado. “Assim que cheguei, às primeiras horas da manhã, fiz o cadastramento até ser vacinado”, frisou.
Garantiu que foi bem atendido pelos profissionais de saúde e apelou à população a aderir a campanha. O ancião lembrou que o processo de vacinação contra a pandemia decorre em quase todo mundo, por isso, “não podemos ter receios”.
“Estar na linha da frente é um risco permanente”
Desde o surgimento dos primeiros casos de Covid19 no país, em Março do ano passado, os profissionais de saúde foram mobilizados para a prevenção e combate à pandemia. O enfermeiro Diotex Sousa, destacado no Hospital dos Cajueiros, no município do Cazenga, considera "um risco permanente" estar na linha da frente no combate à doença.
“Estamos sujeitos a ser infectados a qualquer altura", disse, acrescentando que, "além da pressão física e psicológica, trabalhamos em condições inimagináveis”.
Enquanto exibia o cartão de vacina, Sousa revelou que trabalhou, durante algum tempo, numa área reservada para pacientes com Covid-19. “Apesar do medo de ser infectado com o vírus, sempre atendi bem os pacientes com esta patologia”, assegurou.
Diotex Sousa foi vacinado em 15 minutos. Imunizado, disse sentir-se mais protegido e pronto para continuar o trabalho com dedicação. “Ao contrário do que muita gente pensa, a pandemia ainda não acabou. Temos de manter todas as medidas de protecção”, aconselhou.
Lúcia Campeão sempre trabalhou na Direcção Municipal de Saúde de Luanda, como supervisora de Saúde Infantil. Devido à campanha de vacinação, foi seleccionada para vacinar contra a Covid-19. “Antes do paciente ser vacinado, recebe informações sobre as possíveis reacções adversas, que podem ser alergia, febre, dores no corpo e fadiga", explicou frisando que as mulheres grávidas e menores
de 18 anos não devem ser vacinados.
Campeão considerou "positiva" a adesão à vacina e revelou que, contrariamente ao que se diz sobre a eficácia e segurança dela, as pessoas acreditam e confiam no imunizante.
Até o fim da nossa reportagem, por volta das 13h00, de quarta-feira, mais de 30 pessoas tinham passado pelas mãos de Lúcia Campeão, uma das quais o representante adjunto do Unicef, Andrew Trevett. A jovem enfermeira mostrou-se satisfeita por estar na linha da frente na luta contra a pandemia.
No posto de vacinação do "Paz Flor" estão envolvidos, além dos profissionais de saúde, efectivos da Polícia Nacional, das Forças Armadas Angolanas, do Instituto Nacional de Emergências Médicas de
“Saímos de casa às 5h00 da manhã. Eu e o meu marido já encontrámos uma lista de presença com vários nomes, mas depois fomos encaminhados para uma sala onde estavam pessoas da nossa idade”