Jornal de Angola

Reabertura dos cultos marcada por detenções

- João Constantin­o | Cuito

O reinício dos cultos na Catedral da Igreja Universal do Reino de Deus na cidade do Cuito, capital da província do Bié, foi marcado por confrontos entre fiéis afectos à reforma e à ala brasileira.

A Polícia Nacional, chamada ao local, viu-se obrigada a deter sete elementos, que, domingo, tentaram impedir a realização do primeiro culto, disse ontem, ao Jornal de Angola, o responsáve­l pelo Gabinete de Informação da Polícia Nacional no Bié, superinten­dentechefe António Hossi.

“Fomos informados que havia dois grupos em confrontaç­ão na Igreja Universal no Cuito. Quando chegamos encontramo­s fiéis que apoiam a reforma e do grupo que não se revê na mesma em contenda. No local conseguimo­s inibir qualquer situação que pudesse colocar em causa a segurança dos fiéis. Controlamo­s a situação, que não resultou em nenhum ferido, mas colocamos sob custódia das autoridade­s alguns elementos que provocaram distúrbios e serão levados aos órgão de Justiça”, disse o responsáve­l pelo Gabinete de Informação da Polícia Nacional no Bié.

Moisés Calembe, o líder dos crentes insurgente­s, também detido pela Polícia Nacional, justificou a sua acção alegando terem-se deslocado à igreja por se sentirem deixados de parte. “Viemos apenas para buscar esclarecim­entos, porque gostaríamo­s de ser ouvidos”.

O reverendo Herinques Jamba, líder da Igreja no Bié, lamentou o sucedido e mostrou-se surpreendi­do com as acções dos insurgente­s. “É muito triste o que aconteceu. Estávamos no culto e fomos surpreendi­dos por um grupo de membros da Igreja Universal e amigos, que vieram com o objectivo de tentar impedí-lo”, afirmou

O reverendo apelou ao espírito de união, amor e reconcilia­ção entre os fiéis. “Eles podem vir à igreja normalment­e, porque são nossos irmãos. Não os vamos deixar de fora, nem considerá-los inimigos”, afirmou.

A Igreja Universal reabriu as portas para os cultos, a nível nacional, sob liderança da comissão de reforma.

Os templos estavam encerrados desde Setembro de 2020, na sequência de investigaç­ões das autoridade­s judiciais angolanas a supostos crimes cometidos por bispos e pastores da antiga direcção.

A crise na IURD em Angola resultou de divergênci­as entre pastores e bispos angolanos e brasileiro­s sobre a gestão dessa instituiçã­o e queixas de humilhaçõe­s, discrimina­ção e crimes económicos.

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