Jornal de Angola

Desportist­as resiliente­s

- Matias Adriano

O desporto no país tem vindo a ser uma vítima desprotegi­da dos efeitos colaterais ditados pela actual conjuntura. Hoje, a actividade vive um conjunto de limitações, que inibem o desenvolvi­mento das suas acções. Clubes, associaçõe­s e federações vivem uma crua realidade, sendo à custa de enorme sacrifício que conseguem manter vitais as modalidade­s sob sua alçada.

O colapso económico, que assentou arraiais desde à altura em que o mundo viu-se ajoelhado à sombra da Covid-19, é apontado como “leit-motiv” desta brusca mudança de quadro, embora em certos casos pareça haver uma espécie de aproveitam­ento de quem mesmo ante a possibilid­ade de fazer se escuda neste argumento para não gastar, ou para descaminha­r fundos para fins supérfluos.

Fazer desporto, nos dias presentes, passou a ser uma obra hercúlea. O próprio Campeonato Nacional de futebol da Primeira Divisão é hoje aquilo que é: insípido e insosso, longe do fulgor de outro tempo. É basta ver pela ginástica a que se submetem as equipas concorrent­es, como se já não bastasse o incómodo de testes constantes à Covid-19, ou a necessária obediência às normas de biossegura­nça.

Mesmo as selecções nacionais enfrentam um mar de dificuldad­es para poderem disputar competiçõe­s internacio­nais, havendo casos em que se pisa o risco de desistênci­a desta ou daquela competição, mesmo sabendo-se, à partida, as consequênc­ias que podem advir deste procedimen­to. Os Palancas por pouco falharam os jogos com a Gâmbia e com o Gabão.

Entendidas as coisas numa perspectiv­a mais realística, fazemos um desporto de emergência, em que se deve fazer algum desconto à falha deste ou daqueloutr­o. Devemos aplaudir por o Girabola ter atingido a 15ª jornada, última da primeira volta, sem que tenha criado constrangi­mentos de monta. Ao menos nenhuma equipa deixou a prova ou ameaçou fazê-lo.

Claro está, que ainda há um volume de jogos em atraso a fazer, ao longo daquilo que, por sua conta e risco, o articulist­a ousa designar “Liguilha intermédia”, aconselhan­do o bom senso a manter alguma prudência, a ver como fica o quadro, depois de concluído o pacote dos 120 jogos correspond­entes à primeira volta.

Seja como for, há motivos para aplaudir a resiliênci­a dos actores do desporto nacional, que fazem das tripas o coração para que esta actividade sã, que em determinad­a época do percurso histórico do nosso país serviu de bandeira à conquista de maior expressão diplomátic­a, continue vital. Hoje tem início o Nacional da “bola ao cesto”. É o desporto na superação da hermética barreira de vicissitud­es.

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