Biden acusado de complicar relações
Tensão intensifica depois do líder da Casa Branca ter afirmado que o Chefe de Estado russo “é um assassino”
As autoridades russas consideraram, ontem, que as declarações do Presidente dos EUA, Joe Biden, que afirmou que o Chefe de Estado russo, Vladimir Putin, é “um assassino”, são a prova de que este não está disposto a melhorar as relações com a Rússia.
“Estas são declarações muito más do Presidente dos Estados Unidos da América. Elas mostram que ele não quer melhorar as relações com o nosso país, e de agora em diante vamos ter isso em consideração”, disse o portavoz do Kremlin, Dmitry Peskov, no seu briefing diário à imprensa.
O Presidente dos EUA, Joe Biden, acusou, quarta-feira, o homólogo russo de ser um “assassino” e preveniu que ele “pagará as consequências”, se ficar provado que interferiu nas eleições norte-americanas. Numa entrevista televisiva ontem difundida, Biden foi questionado sobre se considerava Putin “um assassino”.
“Sim, acho que sim”, disse o Presidente norte-americano.
No dia em que um relatório dos Serviços de Informações norte-americanos revelou que Vladimir Putin deu instruções para prejudicar Biden na sua candidatura à Casa Branca, em Novembro passado, o Presidente norte-americano preveniu o líder russo de que “em breve pagará um preço” pelas suas acções.
Em reacção, o Presidente russo disse que os comentários do seu homólogo norteamericano, Joe Biden, sobre si reflectem problemas do passado e do presente conturbado nos Estados Unidos. A Rússia anunciou, na quartafeira, ter chamado o seu embaixador em Washington ao Kremlin para consultas.
Putin foi questionado sobre os comentários de Biden durante uma videochamada com habitantes da Crimeia para marcar o aniversário do processo de anexação daquele território, reivindicado pela Ucrânia, em 2014.
O Presidente russo garantiu, contudo, que a Rússia continuará a cooperar com os Estados Unidos nas questões que foram do interesse de Moscovo. O vice-portavoz da Câmara Alta do Parlamento russo, Konstantin Kosachev, referiu que a “rude declaração” de Joe Biden serve para “dividir as águas”.
“Essas considerações são inadmissíveis num estadista que ocupa o cargo (que Joe Biden) ocupa”, disse Kosachev, acrescentando que “as declarações são inaceitáveis sob qualquer circunstância e vão inevitavelmente exacerbar, de forma acutilante, as relações” entre os dois países.
As declarações e posições norte-americanas surgem na sequência da desclassificação de documentos secretos e que, segundo os Estados Unidos, indicam que Vladimir Putin autorizou acções de influência para ajudar Donald Trump nas eleições presidenciais de 2020, nos Estados Unidos.
“(Putin) vai pagar o preço”, concluiu Joe Biden na mesma entrevista, sem especificar medidas.