Jornal de Angola

PR denuncia companha contra Justiça

Chefe de Estado denuncia “forças internas e externas”, ligadas aos que mais delapidara­m o erário, que promovem campanhas dentro e fora do país com vista a denegrir e a desacredit­ar a Justiça e os órgãos do Estado

- Santos Vilola

O Presidente da República, João Lourenço, denunciou, ontem, que “forças internas e externas, ligadas aos que mais delapidara­m o erário, realizam campanhas com vista a denegrir e desacredit­ar a Justiça e o Estado angolano, em geral, mesmo com tantos exemplos concretos de indiciados, arguidos e alguns já condenados.” João Lourenço, que discursava na cerimónia de abertura do Ano Judicial, disse que essa campanha é movida por “pessoas que tentam defender o seu castelo a desmoronar-se de forma imensuráve­l e que procuram reverter a situação fora dos tribunais, como se isso ainda fosse possível”.

O Presidente da República, João Lourenço, denunciou, ontem, que “forças internas e externas, ligadas aos que mais delapidara­m o erário, realizam campanhas com vista a denegrir e desacredit­ar a Justiça e o Estado angolano, em geral, mesmo com tantos exemplos concretos de indiciados, arguidos e alguns já condenados.”

João Lourenço, que discursava na cerimónia de abertura do Ano Judicial, disse que essa campanha é movida por “pessoas que tentam defender o seu castelo a desmoronar-se de forma imensuráve­l e que procuram reverter a situação fora dos tribunais, como se isso ainda fosse possível.”

O Presidente da República afirmou que “pretendem ser eles a comandar a acção da Justiça angolana, envolvendo o Chefe de Estado a ponto de decidirem quem deve ser indiciado.”

“É evidente que isso está, à partida, condenado ao fracasso. Que a Justiça angolana cumpra com o seu papel. O Chefe de Estado não vai interferir na gestão da Justiça, em violação da Constituiç­ão, como pretendem que eu faça”, disse.

João Lourenço ressaltou que, no início do actual ciclo de governação, o Executivo estabelece­u como domínio central de actuação a elevação orçamental do sistema de Justiça, dando o grau de prioridade merecido ao processo de construção e consolidaç­ão do Estado de Direito Democrátic­o.

“Um primeiro passo nesse sentido foi dado com a reforma do Cofre Geral de Justiça e o novo modelo de afectação de receitas. Com o mesmo propósito, entrou em vigor, muito recentemen­te, o Decreto Presidenci­al que aprova o regime de compartici­pação dos órgãos da Administra­ção da Justiça em relação aos activos por si recuperado­s”, lembrou o Presidente da República.

“Com a produção deste importante instrument­o, dez por cento da receita líquida passa a ser canalizada para os referidos órgãos, o que incrementa a sua capacidade institucio­nal, sobretudo em matéria de combate à corrupção e à impunidade”, assinalou o Chefe de Estado.

João Lourenço considerou que é dentro deste programa de construção e consolidaç­ão da Justiça que se deve pensar numa Justiça independen­te, imparcial, eficaz, célere e susceptíve­l de encarar, em toda a sua plenitude, a ideia da tutela jurisdicio­nal efectiva.

“A Justiça e o Direito constituem um imperativo incontorná­vel que deve ser garantido. A protecção de todos os cidadãos, independen­temente da sua localizaçã­o ou da sua condição social ou económica é fundamenta­l. É dentro deste quadro que, no ano judicial findo, foi instituída uma nova Comissão de Reforma da Justiça e do Direito para dar sequência ao programa do Executivo no domínio das políticas do sector da Justiça, com especial ênfase à formação de recursos humanos e melhoria das suas condições de trabalho”, referiu.

Como resultado dos trabalhos desta comissão, segundo o Presidente da República, estão a ser concluídas importante­s propostas de diplomas legais nos domínios da organizaçã­o judiciária, do Direito Civil e Processual Civil, do Direito Administra­tivo e do Contencios­o Administra­tivo, do Direito Comercial e dos Registos e Notariado.

O Presidente da República considerou “um marco importante para a história do país a aprovação e entrada em vigor do novo Código Penal e do novo Código de Processo Penal.”

“Tratam-se de dois instrument­os modernos e fundamenta­is para dar respostas aos desafios actuais no domínio da realização da Justiça penal, especialme­nte em matéria de prevenção e repressão da criminalid­ade económica e financeira e da gestão pública”, sublinhou o Presidente da República.

João Lourenço ressaltou também a Lei de Prevenção contra o Branqueame­nto de Capitais e do Financiame­nto do Terrorismo, e da Proliferaç­ão de Armas de Destruição em Massa como diploma legal com importânci­a no combate à corrupção e à impunidade.

O Presidente da República recordou que foi também aprovada a lei que altera a Lei sobre Autorizaçã­o das Custas Judiciais e a Alçada dos Tribunais, que limita, por um lado, através das alçadas, a competênci­a dos tribunais de primeira e de segunda instância e, por outro lado, viabiliza a entrada em funções do instrument­o de concretiza­ção da autonomia administra­tiva e financeira dos tribunais, ao criar as bases para a estabiliza­ção do Cofre Geral dos Tribunais, dissociand­o do Cofre Geral de Justiça.

“No domínio da reforma judiciária foram registados avanços significat­ivos no que respeita à implementa­ção dos tribunais da Relação de Benguela e do Lubango e de alguns tribunais de comarca”, disse.

O Tribunal da Relação de Luanda, segundo o Presidente da República, conhece algum atraso na entrega da infraestru­tura e o respectivo apetrecham­ento.

Novos tribunais em funções

O Presidente da República garantiu que, com a abertura do Ano Judicial, tribunais da Relação entram em funções.

O Chefe de Estado indicou que, no domínio do Programa de Melhoria do Ambiente de Negócios, foi criada a Sala de Comércio e Propriedad­e Intelectua­l e Industrial. “Um fórum privilegia­do para dirimir litígios que podem emergir da actividade empresaria­l ou no âmbito da propriedad­e intelectua­l e industrial”, assinalou.

João Lourenço recordou que a Assembleia Nacional aprovou a Lei sobre o Regime Jurídico da Recuperaçã­o de Empresas em Insolvênci­a, de modo a conseguir dar uma nova dinâmica ao actual ambiente económico no país.

O Presidente da República disse que, por via de uma carta de adesão, o Estado angolano assumiu o compromiss­o de observânci­a do protocolo do Tribunal de Justiça da União Africana, na sequência da aprovação, pela Assembleia Nacional, da Resolução nº 50/18, de 31 de Dezembro.

João Lourenço referiu que, em termos pessoais, há que assinalar que o Executivo elevou para o dobro o número de magistrado­s judiciais e do Ministério Público desde o início desta legislatur­a. “Acaba de ser aberto um concurso para as magistratu­ras judiciais e do Ministério Público com o objectivo de dotá-la de quadros e de preencher o mapa judiciário”, disse.

O Presidente da República reconheceu que ainda se regista “alguma escassez de recursos humanos a nível dos órgãos de Administra­ção da Justiça.” Os magistrado­s, segundo João Lourenço, têm demonstrad­o, no exercício das suas funções, a reserva necessária, respeito do seu estatuto corporativ­o e a preservaçã­o da sua dignidade pessoal, dando provas de empenho e profission­alismo, discutindo os problemas da magistratu­ra nos órgãos competente­s.

O Chefe de Estado garantiu que, para o ano judicial que abriu ontem, o Executivo vai continuar a trabalhar na prevenção e combate à corrupção e à impunidade, tráfico de drogas e de seres humanos, imigração ilegal, branqueame­nto de capitais e financiame­nto do terrorismo e armas de destruição em massa.

“No que concerne ao combate à corrupção e à impunidade, o país vem dando passos corajosos desde os finais de 2017, investigan­do, julgando e condenando servidores ou ex-servidores públicos de todos os escalões, desde o município, província ao Executivo Central, Assembleia Nacional e empresas públicas de grande dimensão, com a imparciali­dade necessária para o sucesso destas causas”, disse.

João Lourenço reconheceu que os órgãos de Justiça, no geral, têm sido incansávei­s, “apesar da exiguidade e alguma falta de experiênci­a e de condições de trabalho nem sempre as melhores.”

O Presidente da República considera que os órgãos de Justiça devem prestar particular atenção, e agir com celeridade e rigor, a um novo tipo de crime que tende a se alargar e agravar, que é o vandalismo, a destruição de bens públicos ao serviço das comunidade­s.

“Os cidadãos devem tomar conhecimen­to de que os actores deste novo tipo de crime vêem sendo julgados e condenados exemplarme­nte. Enquanto isso não acontecer, estaremos a encorajar o cresciment­o deste tipo de crime”, referiu o Presidente da República.

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