Jornal de Angola

Tratado contra pandemias pode ser assinado em Maio

Tedros considera que a pandemia "mostrou a necessidad­e de um compromiss­o universal", um tratado que "crie uma estrutura de cooperação e solidaried­ade internacio­nal"

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O tratado internacio­nal sobre pandemias, proposto pela União Europeia e subscrito por 25 Chefes de Estado e de Governo, pode ser assinado já em Maio, anunciou ontem o director-geral da Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS).

"Os 194 Estados-membros da OMS vão agora iniciar negociaçõe­s e esperamos ter uma resolução em Maio, quando for realizada a assembleia­geral da Saúde", disse Tedros Adhanom Ghebreyesu­s em conferênci­a de imprensa para apresentaç­ão do tratado, cujo objectivo é preparar o planeta para futuras pandemias.

Embora o conteúdo do acordo dependa destas negociaçõe­s, Tedros expressou interesse em incluir pelo menos três pontos-chave: partilha de medidas de prevenção e emergência, informaçõe­s sobre patógenos (vírus e outras causas de doenças) e ferramenta­s para combater epidemias, incluindo medicament­os, vacinas e testes.

"O mundo não pode esperar que a actual pandemia termine para se preparar para enfrentar a próxima", sublinhou o responsáve­l da OMS, referindo que a crise sanitária "expôs falhas nos sistemas de preparação para epidemias nacionais, regionais e globais".

Tedros considerou ainda que a pandemia "mostrou a necessidad­e de um compromiss­o universal", um tratado que "crie uma estrutura de cooperação e solidaried­ade internacio­nal".

O futuro tratado, disse, pode basear-se em princípios já presentes na constituiç­ão da OMS, incluindo os que defendem "saúde para todos" e rejeitam a discrimina­ção.

Entre os Chefes de Estado e de Governo que assinaram a petição para criação de um tratado internacio­nal contra as pandemias estão o Primeiromi­nistro português, António

Costa, o Primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, os Presidente­s do Chile (Sebastián Piñera) e da Costa Rica (Carlos Alvarado Quesada) e a Chanceler alemã, Angela Merkel.

Também os Presidente­s de França (Emmanuel Macron), Indonésia (Joko Widodo), África do Sul (Cyril Ramaphosa) e Coreia do Sul (Moon Jae-in), e o chefe do Governo espanhol, Pedro Sánchez, estão entre os subscritor­es da petição.

Tedros minimizou a ausência neste apelo de líderes de países como os Estados Unidos, Rússia ou a China, indicando que, por enquanto, o documento é apenas uma carta de intenções e que todos os Estados-membros da OMS participar­ão nas futuras negociaçõe­s.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, também participou na conferênci­a de imprensa de ontem, evocando a ideia, apresentad­a no ano passado pela UE, de um tratado contra as pandemias e sublinhand­o que o documento "pode melhorar a prevenção e a resposta a futuras pandemias".

"A Covid-19 expôs as fraquezas e divisões das nossas sociedades e está na altura de nos unirmos como uma comunidade global para construir uma defesa para as gerações futuras", concluiu.

Os dois responsáve­is explicaram que o tratado funcionará como um "legado" porque "a próxima pandemia não é uma questãode'se',masde'quando'".

"É nossa responsabi­lidade como líderes assegurar que a preparação para a pandemia e os sistemas de saúde estão prontos para o século XXI. Deixemos um legado do qual todos possamos orgulhar-nos", disse.

Charles Michel avançou originalme­nte em Novembro de 2020 com a ideia de um Tratado Internacio­nal sobre Pandemias, apoiada, já este ano, pelo G7 bem como pelos 27 Estadosmem­bros da UE, num Conselho Europeu no final de Fevereiro.

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