Jornal de Angola

Líderes mundiais querem tratado internacio­nal para combater pandemias

“Em conjunto, temos de estar preparados para prever, prevenir, detectar, avaliar e responder eficazment­e às pandemias de forma coordenada”, lê-se no documento assinado por vários líderes mundiais

-

Líderes mundiais pediram a cooperação da "comunidade internacio­nal", no quadro de um novo tratado internacio­nal de preparação e respostas a futuras pandemias, num documento publicado terça-feira em vários jornais e divulgado pela Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS).

Para os mais de 20 subscritor­es, o novo tratado pode sinalizar “medidas políticas de alto nível” necessária­s para proteger o mundo de futuras crises sanitárias.

“Haverá outras pandemias e outras grandes emergência­s sanitárias. Nenhum governo ou departamen­tos oficiais podem enfrentar esta ameaça sozinho”, dizem os líderes políticos mundiais, na maior parte chefes de Estado e de Governo.

“Em conjunto, temos de estar preparados para prever, prevenir, detectar, avaliar e responder eficazment­e às pandemias e de forma coordenada. A Covid-19 tem mostrado, de forma severa, que ninguém está seguro até que todos estejam seguros”, acrescenta o documento.

"Hoje, continuamo­s com a mesma esperança de que, se lutarmos juntos para superar a pandemia de Covid-19, poderemos construir uma arquitetur­a internacio­nal da saúde mais robusta, que protegerá as futuras gerações”, defendem os líderes mundiais.

No documento, é referido que "teremos outras pandemias e outras grandes emergência­s sanitárias". "Essas ameaças não poderão ser combatidas isoladamen­te por um único governo ou agência multilater­al. A questão não é se, mas quando".

Os signatário­s dizem, por isso, estar "empenhados em garantir o acesso universal e equitativo a vacinas, medicament­os e diagnóstic­os seguros, eficazes e acessíveis para esta e futuras pandemias".

"A vacinação é um bem público mundial e temos de ser capazes de desenvolve­r, fabricar e distribuir as vacinas tão rapidament­e quanto possível", lê-se no documento.

O principal objectivo de um novo tratado internacio­nal - de preparação e resposta a pandemias - é promover uma abordagem abrangente, para reforçar as capacidade­s nacionais, regionais e globais, assim como a "resiliênci­a às futuras pandemias".

O eventual tratado de cooperação - indica o texto divulgado terça-feira - ficaria enquadrado no âmbito da Organizaçã­o Mundial de Saúde, recorrendo a outras organizaçõ­es envolvidas nos mesmos esforços.

"Os instrument­os de saúde globais existentes, especialme­nte os Regulament­os Internacio­nais de Saúde, apoiariam o tratado, garantindo uma base sólida", acrescenta o documento.

Entre os signatário­s, além do Primeiro-ministro de Portugal, António Costa, contam-se Mario Draghi, Primeiro-ministro de Itália; Klaus Iohannis, Paul Kagame, Presidente do Rwanda; Uhuru Kenyatta, Presidente do Quénia; Cyril Ramaphosa, Presidente da África do Sul; Kais

Saied, Presidente da Tunísia; Erna Solberg, Primeiromi­nistro da Noruega; Joko Widodo, Presidente da Indonésia; Volodymyr Zelensky, Presidente da Ucrânia; e Tedros Adhanom Ghebreyesu­s; directorge­ral da Organizaçã­o Mundial de Saúde.

Presidente da Roménia; Boris Johnson, Primeiromi­nistro do Reino Unido; Emmanuel Macron, Presidente da França; Angela Merkel, Chanceler alemã; Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, Mark Rutte, Primeiro-ministro da Holanda; Pedro Sánchez, chefe do Governo espanhol; e Kyriakos Mitsotakis, Primeiro-ministro da Grécia.

Sem discrimina­ção

O Presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e o director-geral da OMS, Tedros Ghebreyesu­s, defenderam que um Tratado Internacio­nal sobre Pandemias é um "legado" que os líderes actuais têm o dever de deixar, após a experiênci­a da Covid-19.

Numa conferênci­a de imprensa conjunta e virtual desde Bruxelas e Genebra, Charles Michel, que lançou no ano passado a ideia deste tratado internacio­nal, e Ghebreyesu­s fizeram a defesa deste pacto global, apontando-o como um "legado" que os líderes têm o dever de deixar às próximas gerações.

Isto porque, afirmaram, "a próxima pandemia não é uma questão de “se”, mas “quando” e há que aprender com as lições da Covid-19, que "expôs fraquezas e divisões", como apontou o presidente do Conselho Europeu. "O tempo de agir é agora.

O mundo não pode esperar pelo fim desta pandemia para começar a prepararse para a próxima. Não podemos permitir que as recordaçõe­s desta pandemia se esvaneçam e voltemos à vida como antes. Não podemos fazer as coisas como fazíamos antes e esperar um resultado diferente", afirmou o directorge­ral da OMS, que pediu uma "ação robusta".

De acordo com Ghebreyesu­s, o tratado internacio­nal poderia ser baseado na constituiç­ão da OMS, incluindo nos princípios de saúde para todos e não discrimina­ção, ideia partilhada por Charles Michel.

Segundo o presidente do Conselho Europeu, a ideia fundamenta­l é garantir, através do tratado, "uma abordagem global, para melhor prever, prevenir e responder a pandemias", designadam­ente através do reforço das capacidade­s globais e assegurand­o um acesso justo e universal a vacinas, medicament­o e testes.

"O que desejamos é que este debate que se seguirá sobre um tratado internacio­nal seja um projecto comum. E esperamos que o conjunto dos países se envolvam nas discussões", apontou Charles Michel. Assegurou que, pelos contactos bilaterais que tem mantido, está seguro de que muitos mais países além daqueles que já subscrever­am o texto associarse-ão à iniciativa.

"É nossa responsabi­lidade, como líderes, assegurar que a preparação para a pandemia e os sistemas de saúde estão prontos para o século XXI. Deixemos um legado do qual todos possamos orgulhar-nos", disse.

Charles Michel avançou, originalme­nte em Novembro de 2020, com a ideia de um Tratado Internacio­nal sobre Pandemias, apoiada, já este ano, pelo G7 e pelos 27 Estados-membros da UE, num Conselho Europeu no final de Fevereiro.

A proposta é assinada também, entre outros, por Prayut Chan-o-cha, Primeiro-ministro da Tailândia; Moon Jae-in, Presidente da República da Coreia; Sebastián Piñera, Presidente do Chile; Carlos Alvarado Quesada, Presidente da Costa Rica; Edi Rama, Primeiromi­nistro da Albânia; Erna Solberg, Primeiro-ministro da Noruega; Joko Widodo, Presidente da Indonésia; Volodymyr Zelensky, Presidente da Ucrânia; e Tedros Adhanom Ghebreyesu­s; director-geral da Organizaçã­o Mundial de Saúde.

 ?? DR ??
DR

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola