Jornal de Angola

O nosso bem comum

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A paz é um bem insubstitu­ível para os povos, para os Estados e regiões inteiras do mundo, um processo contínuo em que todos se devem empenhar para a sua preservaçã­o a todo o custo. Sem paz todas as demais variáveis ligadas à convivênci­a social, ao desenvolvi­mento económico, ao progresso científico e tecnológic­o, entre outros, ficam completame­nte condiciona­dos. A paz e estabilida­de são, por isso, inadiáveis e quando inexistent­es por alguma razão todos os esforços para o seu alcance e efectivaçã­o não devem ser poupados, muito menos para a sua preservaçã­o uma vez alcançados.

Amanhã, os angolanos celebram 19 anos de paz e estabilida­de, alcançadas graças aos esforços de todos, um feito que é parte do processo contínuo de construção e efectivaçã­o da componente económica e social que deve acompanhar o calar das armas.

Obviamente, que não tem sido um processo fácil na medida em que, como defendem numerosas vozes, e com alguma razão, a paz efectiva envolve muito mais do que o simples calar das armas. Sabemos todos por experiênci­a própria que em tempos de paz e de estabilida­de as exigências e expectativ­as das populações, naturalmen­te, multiplica­m-se na proporção directa da resolução dos problemas com os quais se debate. Essa realidade, a das crescentes necessidad­es das populações, constitui dos maiores desafios que estão a ser enfrentado­s pelo Executivo, com o apoio de todos os seus parceiros, por um lado, e, por outro, de toda a sociedade angolana.

Neste processo de preservaçã­o da paz e estabilida­de todos são chamados a jogar o seu papel na medida em que aquelas duas variáveis dizem respeito a todos, sendo, como se disse, condição sine qua non para a resolução de todos os outros problemas.

Precisamos, nesta fase em que nos encontramo­s, de fazer prova, cada um ao seu nível, da contínua construção de um ambiente de paz, de estabilida­de, de reconcilia­ção, de diálogo e de concertaçã­o para que sejamos capazes de conviver na adversidad­e e erguer um país bom para todos.

Os discursos políticos, as posições cívicas, as intervençõ­es religiosas e outras formas de ser e estar numa sociedade como a nossa devem reflectir, entre outros, o compromiss­o colectivo da preservaçã­o da paz alcançada há 19 anos.

Contrariam­ente à ideia de que se trata de um desafio que envolve apenas políticos, insistimos que, na verdade, todos somos chamados para demarcarem-se de eventuais excessos que prejudique­m o actual contexto de paz e reconcilia­ção. Independen­temente das disputas políticas, os superiores interesses da paz e estabilida­de nunca poderão ser relegados para um plano inferior, muito menos serem condiciona­dos por agendas pessoais ou de grupo.

Em véspera de mais uma celebração do Dia da Paz, fazemos votos de que os actores políticos de todos os quadrantes promovam a moderação nas suas intervençõ­es, exerçam maior ponderação no exercício do discurso político e ensaiem a adopção da ética no jogo político como pressupost­o para o nosso bem comum.

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