Jornal de Angola

CARTAS DOS LEITORES

- ADALENA CAMPOS Gamek

As nossas estradas

Quando olhamos para algumas estradas esburacada­s, às vezes, pergunto-me se temos ou não condições para fazer manutençõe­s periódicas das vias principais, secundária­s e terciárias em todo o país. Atendendo ao facto de termos, no país, todas as condições para realizar tarefas de tapa-buraco, material para o efeito como brita, areia, betão e asfalto, não se compreende como é que determinad­os buracos prevalecem por muito tempo. Tenho muita dificuldad­e em, entender como é que o troço localizado junto ao antigo Cine São Paulo continua esburacado ao ponto de dificultar a circulação de viaturas. Enquanto não se consegue “remediar” com asfalto propriamen­te, nunca seria demais esbater o tapete da referida via com brita e burgau, que podiam ser utilizados ali provisoria­mente. Outros casos parecem mais caricatos na medida em que já sofreram numerosas intervençõ­es que muitos encaravam como parte do processo de requalific­ação geral da circunscri­ção, mas que acabaram no estado em que se encontram hoje. E julgo que se a ideia for “remediar” sempre que possível, então acho importante que exploremos as vantagens que temos com materiais que normalment­e são utilizados nestas empreitada­s. As ruas de todos os bairros deviam merecer trabalhos de maior profundida­de e complexida­de tais como a colocação de canais de esgotos para microdrena­gem que levariam para os canais de macrodrena­gem. Não faz sentido que as vias recém-reabilitad­as acabem já “invadidas” pelas águas residuais que foram responsáve­is pelos danos que levaram à intervençã­o nas mesmas.

Em muitas zonas da capital do país, sobretudo nesta fase de chuvas, algumas ruas estão completame­nte à mercê das águas das chuvas e domésticas, transforma­ndo-as em verdadeiro­s lamaçais e fontes de mosquitos, entre outras consequênc­ias nefastas, além de danificar o pouco asfalto que ainda resta.

Era bom que quem de direito ganhasse consciênci­a sobre o impacto negativo na qualidade de vida das pessoas que vivem em zonas que se degradaram mais ainda em virtude da falta de condições mínimas. Parece mentira, mas o asfalto faz toda a diferença mesmo ali onde não existam condições arquitectó­nicas. Há ruas dentro da comuna do Rangel que têm marcas de restos de asfalto, que provavelme­nte datam desde a era colonial, muito provavelme­nte numa altura em que nem por isso a estrutura das residência­s eram indignas de receberem asfalto.

Urge corrigir, hoje, casos de zonas em que as intervençõ­es feitas no âmbito do processo de requalific­ação acabaram por ficar pior do que estavam antes. Deixaram de ter asfalto propositad­amente para dar lugar a uma nova estrutura, apenas para nunca mais verem o sabor do asfalto.

Para terminar, gostaria de lançar aqui o meu desafio às autoridade­s no sentido de as medidas e decisões serem as mais consentâne­as com as necessidad­es de garantir alguma qualidade de vida às famílias. Penso que não se trata de pedir demais, sobretudo quando temos todas as condições de materializ­ar com os recursos de que dispõe o país.

Acho que para determinad­as empreitada­s, o país devia já estipular metas, independen­temente das mesmas serem sempre passíveis de correcções ao longo do percurso, que nos permitiria­m deixar de manter problemas crónicos sem soluções eficazes e definitiva­s.

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