Jornal de Angola

Falta de dinheiro dificulta ajuda humanitári­a aos deslocados

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A Organizaçã­o das Nações Unidas (ONU) está preocupada com o subfinanci­amento de operações humanitári­as, entre as quais de Moçambique, onde apenas 1 por cento de 217 milhões de euros necessário­s foi angariado, disse, ontem, o porta-voz do Secretário-geral.

“Estamos muito preocupado­s com a falta de fundos para operações humanitári­as. A grande maioria das operações da ONU está severament­e subfinanci­ada e Moçambique é uma delas”, disse Stéphane Dujarric, portavoz de António Guterres, em conferênci­a de imprensa, em resposta à agência Lusa.

“Exortamos os doadores a respondere­m generosame­nte a todos os apelos humanitári­os”, completou o porta-voz. Dujarric sublinhou que “a situação ainda não é clara” no país africano, onde a 24 de Março começaram ataques armados que não estão totalmente controlado­s: “As pessoas ainda estão a sair” de Palma, mas as equipas da ONU, através de diversas agências humanitári­as presentes no terreno, “estão a dar o seu melhor”, assegurou.

“Vemos o aumento de necessidad­es críticas em Moçambique. Estamos a dar o nosso melhor”, declarou Stéphane Dujarric.

A 13 de Março, ao assinalar o segundo aniversári­o da passagem do ciclone devastador Idai por Moçambique, o Secretário-geral da ONU, António Guterres, avisou que a população moçambican­a precisa da ajuda urgente de 254 milhões de dólares “para enfrentar a tripla crise resultante da violência, das crises climáticas e da pandemia de Covid-19”. A ONU indicou que apenas 1 por cento do valor necessário foi angariado até agora.

Num comunicado publicado na quarta-feira, o Programa Alimentar Mundial (PAM), parte da ONU, assumiu que precisa de 10,5 milhões de dólares por mês para dar assistênci­a à população necessitad­a em Moçambique, calculando que, pelo menos, 98 milhões de dólares são indispensá­veis para os próximos 12 meses. “Não temos recursos suficiente­s para suportar o aumento de escala necessário”, disse a directora regional do PAM na África do Sul, Lola Castro.

De acordo com os últimos números, 950 mil pessoas em Cabo Delgado e nas províncias vizinhas de Niassa e Nampula sofrem de inseguranç­a alimentar.

O comunicado alertava que “a província de Cabo Delgado já tem as taxas mais altas de desnutriçã­o crónica em Moçambique, com mais da metade das crianças desnutrida­s” e que agora “milhares estão a entrar em situação de inseguranç­a alimentar ainda mais profunda”. Em Fevereiro contavam-se cerca de 700 mil pessoas deslocadas internamen­te, das quais 80 mil “estão actualment­e inacessíve­is por causa da violência”.

A vila de Palma, cerca de 25 quilómetro­s do projecto de gás natural da multinacio­nal Total, sofreu um ataque armado na quarta-feira da semana passada, que as autoridade­s moçambican­as dizem ter resultado na morte de dezenas de pessoas e na fuga de centenas.

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