Rússia adverte Kiev sobre “provocações”
Russos e ucranianos trocam acusações pelo aumento da tensão na região do Mar Negro, que inclui a Crimeia
A Rússia declarou, ontem, que não procura nenhum conflito militar com a Ucrânia, apesar de estar a juntar tropas na fronteira entre os dois países, afirmando que é Kiev que tem de se abster de “provocações”.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, avisou que Moscovo tomará “todas as medidas necessárias” em caso de ingerência militar do Ocidente na Ucrânia, uma ex-república soviética que a Rússia ainda considera estar na sua esfera de influência estratégica.
Por seu lado, os Estados Unidos garantiram apoio à Ucrânia em caso de qualquer agressão por parte da Rússia, a quem desaconselhou a tomada de “actos agressivos”.
A situação é um teste às relações entre a Rússia e a Administração norteamericana, agravadas depois de o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ter acusado o homólogo russo, Vladimir Putin, de ser “um assassino”.
Dmitri Peskov afirmou que “a Rússia não ameaça e nunca ameaçou ninguém”, considerando que o aumento da tensão na fronteira com a Ucrânia se deve a “provocações repetidas das Forças Armadas ucranianas” contra os separatistas do Leste do país que querem pertencer à Rússia.
O Ocidente considera a Rússia fomentador militar e financeiro dos separatistas e a Ucrânia acusa-a de utilizar tropas suas no conflito no Leste do país.
Com 13 mil mortos até agora, essa guerra começou em 2014, ano em que chegaram ao poder políticos pró-ocidentais e em que a Rússia efectivou o processo de anexação da Crimeia.
O conflito recrudesceu em Janeiro deste ano, com 20 soldados ucranianos mortos, 57 feridos, e ambos os lados a culparem-se pelo aumento da tensão.
Forças dos EUA em estado de vigilância
As forças norte-americanas na Europa foram esta semana colocadas em estado de vigilância reforçada por causa de uma “potencial crise iminente” no Leste da Ucrânia.
O Presidente norte-americano, Joe Biden, prometeu, ontem, ao homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, durante uma conversa telefónica, um “inabalável” apoio dos Estados Unidos à soberania da Ucrânia.
“O Presidente Biden afirmou o apoio inabalável dos Estados Unidos à soberania e integridade territorial da Ucrânia face à agressão da Rússia em Donbass e Crimea”, de acordo com a transcrição da Casa Branca.
Durante a conversa telefónica, Joe Biden afirmou também a vontade de “revitalizar” a “parceria estratégica” entre a Ucrânia e os Estados Unidos, assegurando que as reformas implementadas pelo Presidente Volodymyr Zelensky contra a corrupção eram “cruciais para as aspirações euro-atlânticas da Ucrânia”.
O Presidente ucraniano, por seu lado, saudou “a parceria crucial” com Washington, através de uma mensagem no Twitter.