Jornal de Angola

A preservaçã­o da paz e a consolidaç­ão da democracia

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A palavra “paz” tem sido, nos últimos dias, muito pronunciad­a por diferentes sectores da sociedade, que estão interessad­os em que os actores que devem contribuir para a preservar ajam no sentido de uma verdadeira reconcilia­ção nacional, num contexto em que se está a consolidar a democracia multiparti­dária.

A democracia não é antítese da reconcilia­ção nacional. Pelo contrário, a consolidaç­ão da democracia pode levar a que os angolanos, por via do processo democrátic­o, possam salvaguard­ar a defesa da Justiça e promover o bem comum. O respeito pelas regras democrátic­as pode ajudar os angolanos a conviver pacificame­nte nas suas diferenças políticas e ideológica­s.

O regime democrátic­o supõe a existência de projectos políticos variados, com os partidos a desempenha­rem o seu papel na competição política, com regras já estabeleci­das.

O importante é que essas regras sejam observadas por todos os actores políticos, para que os cidadãos possam fazer as leituras que entenderem sobre as dinâmicas da vida política e tomar livremente posições em relação a este ou àquele projecto de sociedade.

A democracia em Angola é uma das nossas maiores conquistas, e é inegável que hoje o multiparti­darismo é um ganho, e devemos valorizá- lo.

Em democracia, fluem ideias diversas, particular­mente veiculadas pelos partidos políticos, que têm dignidade constituci­onal.

Dispõe a nossa Constituiç­ão (artigo 17º) que "os partidos políticos concorrem em torno de um projecto de sociedade e de programa político para a organizaçã­o e para a expressão da vontade dos cidadãos (...)"

Os cidadãos esperam dos partidos políticos que façam o jogo democrátic­o dentro das regras definidas pelas leis da República, com respeito pelas opiniões diversas que felizmente em democracia existem.

A competição política deve cingir-se aos argumentos, e só aos argumentos, deixando que os cidadãos, potenciais eleitores, façam os seus juízos de valor e decidam livremente na hora da escolha dos governante­s.

Que a paz que alcançámos em 2002 seja preservada para que possamos consolidar a nossa democracia.

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