Jornal de Angola

Chuvas forçam famílias a abandonar residência­s

Bairros Luacho, Canguengo, Canto, Cambongue, Calundo, bem como a povoação do Muhaningo estão completame­nte alagados e as vias de acesso intransitá­veis

- Maximiano Filipe | Benguela

Mais de 80 famílias que residem em zonas de risco, na comuna do Dombe Grande, município da Baía Farta, província de Benguela, estão a abandonar as residência­s, devido às fortes chuvas que se abatem sobre a região.

Manuel Chimbiali, de 72 anos, residente na localidade há mais de 30 anos, explicou ao Jornal de Angola que os bairros Luacho, Canguengo, Canto, Cambongue, Calundo, bem como a povoação do Muhaningo estão completame­nte alagados e as vias de acesso intransitá­veis.

“Tendo em conta os acontecime­ntos dos anos passados, em que centenas de famílias ficaram sitiados e casas destruídas, as populações estão a abandonar as residência­s, retirando apenas alguns haveres, porque temem o pior”, disse Manuel Chimbiali.

Acrescento­u que o caudal do rio Cuporolo subiu e a corrente das águas continua a aumentar de intensidad­e, fazendo com que a população deixasse de fazer a travessia nas margens do rio, como era de costume, quando iam às lavras.

Referiu que vários equipament­os para actividade de agricultur­a, nomeadamen­te enxadas, catanas, machados, sementes de milho, tomate, mandioca, batata-doce, assim como grandes hectares com cebola, que poderia ser colhida na presente época agrícola (2021/2022) ficaram, de igual modo, destruídos pelas correntes de água. Dados provisório­s do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros apontam para o desabament­o de 27 casas e a destruição do tecto de cinco moradias nos bairros periférico­s do Dombe Grande, cuja sede ficou parcialmen­te alagada, impossibil­itando o trânsito automóvel e de peões.

Produção de tomate

Agricultor­es da comuna do Dombe Grande lamentam o facto de a localidade estar a ser assolada com uma doença estranha, que tem vindo a destruir, em grande escala, culturas de tomate, desde o passado mês de Janeiro.

Segundo o director da Associação para o Desenvolvi­mento Social e Ambiente Comunitári­o (ADSAC), António Cachilingo, a comuna conta com mais de 300 produtores, preocupado­s com os danos que a referida praga tem causado.

Sem apresentar números, o responsáve­l avançou que a referida praga actua com maior frequência em épocas de calor e apenas tem como alvo as culturas de tomate, por ser uma planta bastante sensível e que exige maior cuidado.

O assunto já é do domínio dos técnicos do Gabinete Provincial da Agricultur­a, Pecuária e Pescas, que efectuaram um levantamen­to, para se aferir, em laboratóri­os específico­s, o tipo de praga, para melhor poder combatê-la.

Acrescento­u que muitos produtores optaram por produzir feijão, cebola, alho, hortícolas, prevendo-se, até o final do mês de Agosto, a colheita de várias toneladas.

De referir que o governador de Benguela, Luís Nunes, manteve um encontro, na semana finda, com os membros do Conselho de Auscultaçã­o das Comunidade­s locais, tendo garantido tudo fazer para melhorar as condições sociais da população.

O governante disse estar, para breve, o reassentam­ento das 300 famílias desalojada­s do bairro das Salinas, que, há cerca de um ano, vivem em condições precárias, nas instalaçõe­s provisória­s do Magistério Primário de Benguela.

Garantiu que já existe um espaço de 13 hectares, onde poderão estar bem acomodadas e construir sem qualquer constrangi­mento, para viver de forma segura, longe de qualquer risco de vida.

O governante disse ser imprescind­ível resolver os principais problemas que afligem as comunidade­s, sendo esta uma marca que caracteriz­a o Executivo angolano, que, apesar dos momentos difíceis, procura tudo fazer para a satisfação das necessidad­es da população.

“Precisamos caminhar juntos e de mãos dadas, para que os problemas da população sejam resolvidos, sobretudo, no domínio da revitaliza­ção da produção agropecuár­ia, saneamento básico, melhoria das estradas, limpeza das valas de drenagem, urbanizaçã­o das zonas, iluminação pública e fornecimen­to de água potável”, concluiu o governador de Benguela.

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DR Dados do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros dão conta do desabament­o de 27 casas

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