Capital do país
Governar Luanda é acto de coragem
Embora alguns queiram “crucificar” quem está à frente dos destinos da província, as pessoas de bem, que conhecem um pouco sobre a história do crescimento caótico dos bairros urbanos e suburbanos, sabem bem que governar Luanda nunca foi fácil. São tantos os problemas, que aceitar o cargo é, para muitos, um gesto de grande coragem. É que Luanda cresceu tanto e de forma tão desordenadaqueumasimpleschuva é suficiente para “entupir” tudo. Sendo a questão de Luanda estrutural, por mais boa vontade que tenha, a governadora Joana Lina, sozinha, não vai resolver os múltiplos problemas desta cidade centenária. Aliás, sejamos justos, este é um velho problema que nenhum governador que passou pelo Palácio da Mutamba conseguiu resolver. Como defendeu, sexta-feira, um articulista deste Jornal, Luanda precisa de uma “task-force” que conduza um programa de saneamento semelhante ao que os norte-americanos levaram a cabo, com sucesso, em Novaorleães,depoisdapassagem do devastador furacão Katrina.
Praga de gafanhotos invadiu este ano várias regiões da África Austral, incluindo o Cuando Cubango
Uma nuvem de gafanhotos invadiu, ontem, lavras de camponeses nos bairros Omukumbaimbi e Onahumakhuma, nos arredores da cidade de Ondjiva, capital da província do Cunene,
Vitória Ndutyakumwe, moradora do bairro Omukumbaimbi, a sudoeste de Ondjiva, disse que a nuvem de gafanhotos veio da comuna do Oshiedi, município de Namacunde, e devastou a sua lavra durante, aproximadamente, 20 minutos, causando um prejuízo enorme. Acrescentou que a praga de gafanhotos dizimou toda a plantação de massango. “Para os afugentar começamos a bater sobre as chapas de zinco da casa com latas e outros instrumentos metálicos. Vinte minutos depois, os insectos abandonaram o local em direcção ao bairro Onakhuma, Oeste de Ondjiva”, realçou.
Segundo Vitória Ndutyakumwe, os insectos
comem tudo o que encontrarem pela frente, desde folhas, massango e capim verde, realçando que os prejuízos desta invasão de gafanhotos veio agudizar a fome na região, visto que este ano quase que não choveu e agora a praga de gafanhotos devorou o pouco que se produziu.
De acordo com a camponesa Vitória Ndutyakumwe, a praga de gafanhotos parecia um enxames de abelhas, tendo muitas pessoas abandonado as casas com medo de serem picadas. “Esperamos que a praga de gafanhoteós se afaste para bem longo, porque senão as poucas colheitas das fracas chuvas vão ficar completamente comprometidas”, afirmou Vitória Ndutyakumwe.
Joaquim Caputo, outro camponês morador do bairro Ocashika III, disse que ficou assustado, quando viu um ajuntamento de gafanhotos que cobriam completamente
o céu e, quando se aproximavam de lugares com ervas, pousavam, “para, em poucos minutos, devorarem tudo”. Aquilo foi uma autêntica razia, disse. “As pessoas fugiam assustadas para o interior das casas, todas com medo de serem picadas, porque muitas pensavam que fosse um enxame de abelhas quando pousavam”, explicou Joaquim Caputo, sublinhando que os gafanhotos demoravam entre 10 e 15 minutos numa mesma lavra ou lugar com ervas e depois voavam em direcção ao bairro Onakhumba, a Oeste da cidade de Ondjiva. Lembrou que esta é a primeira vez que a província do Cunene regista uma praga de gafanhotos em grande escala.
O Jornal de Angola procurou, ontem, ouvir a Direcção da Agricultura e Pescas, para saber sobre a estratégia de combate à praga, mas mas sucesso, porque os responsáveis do sector estavam incomunicáveis.