Jornal de Angola

Impasse eleitoral aumenta perigo de nova guerra na Somália

O actual impasse no processo eleitoral na Somália, depois de mais um fracasso negocial, faz aumentar o perigo de guerra naquele país por parte da comunidade internacio­nal

-

As Nações Unidas, a União Africana, a União Europeia e a Autoridade Inter-governamen­tal para o Desenvolvi­mento na África Oriental expressara­m, ontem, numa declaração conjunta citada pela AFP, “forte preocupaçã­o sobre a situação na Somália”.

As três organizaçõ­es realizaram uma reunião virtual para analisar a “gravidade da estagnação” do processo eleitoral na Somália, que se encontra paralisado desde Fevereiro, e “o contínuo impasse no diálogo entre o Governo federal e alguns dirigentes dos Estados membros”, de acordo com a declaração.

O encontro contou com a participaç­ão do secretário­executivo da Autoridade Inter-governamen­tal para o Desenvolvi­mento na África Oriental (IGAD), Workneh Gebeyehu, o comissário para os Assuntos Políticos, Paz e Segurança da União Africana (UA), Bankole Adeoye, a directora-geral da África para a União Europeia (UE), Rita Laranjinha, e a secretária­geral adjunta da ONU para Assuntos Políticos e Promoção da Paz, Rosemary Dicarlo. Na declaração, estes representa­ntes internacio­nais expressara­m “séria preocupaçã­o com a possibilid­ade do impasse político afectar negativame­nte a paz, segurança, estabilida­de e prosperida­de da Somália” e de outros países, pelo que pedem aos seus líderes que exerçam “o máximo de contenção”, de forma a evitar acções que conduzam a uma escalada de tensão.

Os signatário­s também sublinham que o acordo assinado em 17 de Setembro de 2020 entre o Presidente da Somália, Mohamed Abdullahi Farmaajo, e os cinco líderes regionais, sobre o modelo de eleições parlamenta­res e presidenci­ais, “continua a ser o caminho mais viável para a realização de eleições com o menor atraso possível”.

Nesse sentido, os representa­ntes das organizaçõ­es internacio­nais pedem ao Governo federal da Somália e aos líderes regionais para “rever e validar” as recomendaç­ões feitas por uma comissão técnica, em meados de Fevereiro na cidade de Baidoa, no sentido de “procurar acordos por meio de compromiss­os sobre qualquer questão pendente, para uma rápida implementa­ção eleitoral”.

O mandato de Farmaajo expirou em oito de Fevereiro e, desde então, os líderes da oposição deixaram de reconhecer a sua autoridade, pedindo a formação de um Conselho Nacional de Transição, para conduzir o país a eleições.

Na declaração, as Nações Unidas e demais organizaçõ­es internacio­nais reafirmam a decisão “de não apoiar nenhum processo paralelo, eleições parciais ou novas iniciativa­s que levem a uma extensão de mandatos anteriores”.

As organizaçõ­es também apelam aos líderes políticos somalis para “continuare­m o progresso feito na construção do Estado e em políticas inclusivas”, especialme­nte no que diz respeito às eleições e à transição pacífica de poder, pedindo-lhes para respeitare­m “os interesses vitais do povo somali”.

 ?? DR ?? Farmaajo acusado de atrasar a votação com o objectivo de estender o mandato presidenci­al
DR Farmaajo acusado de atrasar a votação com o objectivo de estender o mandato presidenci­al

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola