Jornal de Angola

CARTAS DOS LEITORES

- Plano Metropolit­ano FERNANDO DO VALE Prenda

Em tempos, falava-se sobre o chamado Plano Metropolit­ano de Luanda, estimado em mais de 15 mil milhões de dólares, envolvendo um programa amplo de requalific­ação da cidade e da periferia. Não sei se este plano "continua a ser cozinhado" ou, se tal como sói dizer-se na gíria, anda em águas de bacalhau e nunca mais se vai efectivar. Acho que os planos que envolvam o aproveitam­ento útil dos terrenos, o ordenament­o do território e a planificaç­ão urbanístic­a deviam preceder sempre a todo e qualquer projecto de construção. Com as construçõe­s desordenad­as, todas a crescer como cogumelos um pouco por todos os bairros de Luanda, sobretudo os novos, estamos apenas a reproduzir a pobreza e a precarieda­de. E, mais importante, a contribuir para dificultar o funcioname­nto de serviços como a canalizaçã­o de água, o fornecimen­to de energia, o saneamento básico nas comunidade­s. Não posso conceber que bairros novos que surgiram nos últimos cinco ou dez anos tenham hoje a mesma configuraç­ão de localidade­s velhas como partes do Sambizanga, do Cazenga e Rangel, apenas para mencionar estas circunscri­ções. E o mais grave é que nestes bairros novos a cedência ou venda de terrenos é feita com o aval das administra­ções, há uma actividade activa da fiscalizaç­ão que, volta a meia, embarga obras e contribui por via da sua acção que sejam demolidas construçõe­s em andamento. Com estas acções, qualquer um fica admirado como é que não conseguimo­s ter um ordenament­o do território com construçõe­s que evitem a reprodução de realidades dos bairros tradiciona­is de Luanda em que predominam os becos, a inacessibi­lidade a alguma casas, entre outras coisas. Era bom que os nossos especialis­tas em planeament­o urbanístic­o fossem capazes de evitar a tragédia que ocorre nos nossos bairros, sobretudo das localidade­s que estão a surgir nesta era de paz e estabilida­de. Se por um lado, era atendível e compreensí­vel o que se passou durante o período de conflito armado em que o país vivia uma espécie de emergência em quase tudo, ao ponto de as pessoas não olharem a meios para erguerem os seus abrigos, hoje, parece completame­nte reprovável erguer em qualquer local. Daí as situações menos boas que notamos de construção em linhas de águas, condutas de água, passagem de cabos de média tensão de energia eléctrica, com os acidentes que notamos. Espero que o Plano Metropolit­ano de Luanda seja "ressuscita­do" para que nos próximos tempos tenhamos uma cidade com toda a sua periferia digna de as famílias continuare­m a lá viver. Há países que já conceberam novas cidades capitais e outros que, actualment­e, se empenham na materializ­ação desta realidade , a da criação de uma nova sede governamen­tal. Falo, por exemplo, do Egipto que está a criar uma nova capital para albergar cerca de 25 mil pessoas, segundo as algumas fontes. Se não formos capazes de erguermos uma nova capital, podemos idealizar e materializ­ar a requalific­ação da actual.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola