Assassino de Sankara é julgado à revelia
O ex-presidente do Burkina Faso Blaise Campaoré, exilado na Costa do Marfim, começa a ser julgado à revelia pelo assassinato do seu antecessor, Thomas Sankara, durante o golpe de Estado de 1987, no qual tomou o poder.
O antigo Presidente do Burkina Faso, Blaise Campaoré, exilado, vai ser julgado pelo homicídio do seu antecessor, Thomas Sankara, durante o golpe de Estado de 1987, no qual tomou o poder, segundo fonte judicial.
O caso foi, ontem, submetido ao Tribunal Militar de Ouagadougou, a capital do Burkina Faso, após as acusações contra os principais arguidos, incluindo Blaise Campaoré, terem sido confirmadas 34 anos após a morte do ícone africano conhecido localmente como o “pai da revolução”, de acordo com advogados de defesa e partidos civis citados pela agência France-press (AFP).
Campaoré esteve no poder durante 27 anos até ser derrubado pela revolta popular de Outubro de 2014.
Antigo Chefe de Estado e mais de trinta ex-ministros, estão, também, a ser julgados pela repressão violenta contra a insurreição popular de 2014 que levou à queda do regime.
Trinta e três pessoas morreram na sequência da intervenção das autoridades durante os protestos de Outubro de 2014, segundo os dados oficiais. O ex-presidente Blaise Compaoré e os seus antigos ministros são acusados de cumplicidade na morte dos manifestantes, depois de terem autorizado a repressão das manifestações pacíficas.
“É um ambiente de ajuste de contas com o antigo regime”, afirma Elke Erlecke, directora da Fundação alemã Konrad Adenauer na Côte d´ivoire. Campaoré será julgado em Ouagadougou como ex-chefe de Estado e ministro da Defesa, mas não estará presente no julgamento. Depois de ser deposto, fugiu para a vizinha Côte d´ivoire e tornou-se um cidadão ivoiriense. Mesmo que seja condenado, a extradição para o Burkina Faso não é, por isso, dada como certa.
O processo contra o antigo Presidente e os seus ex-ministros centra-se no Conselho de Ministros extraordinário de 29 de Outubro de 2014, uma reunião em que o Governo autorizou o Exército a reprimir os protestos contra a alteração da Constituição que permitiria que Campaoré se candidatasse a um novo mandato. Após os protestos de 2014, tomou posse um Governo militar de transição, que foi, também, forçado a passar o poder a um Executivo de transição civil. Em Setembro de 2015, a Guarda Presidencial, leal a Campaoré, levou a cabo um golpe de Estado. Uma semana depois, o Governo de transição regressou ao poder.