Congresso da FNLA pode sofrer adiamento
O quinto Congresso Ordinário da FNLA pode não ser realizado nas datas previstas (de 16 a 19 de Junho), adiantou, ontem, ao Jornal de Angola, o portavoz da comissão organizadora do conclave, Mfinda Matubakana, que justificou o eventual adiamento com um suposto aconselhamento do Tribunal Constitucional (TC).
Contactado para confirmar ou não informações que davam conta do possível adiamento do congresso, Matubakana, depois da insistência do jornalista, disse que a delonga se devia ao processo do ex-secretário-geral do partido, Pedro Dala.
Na sequência da sua suspensão e demissão do cargo, em Agosto do ano passado, por alegada tentativa de destituição do presidente do partido, Pedro Dala negou a acusação e solicitou, junto do TC, a impugnação da decisão, confirmada pelo Comité Central, em Outubro do mesmo ano.
“O TC comunicou-nos que o acórdão sobre o caso Pedro Dala pode sair em finais deste mês ou princípio de Junho, por isso aconselhou-nos a aguardar pela decisão, porque, ao realizar o congresso na data inicialmente prevista, poderíamos gastar dinheiro à-toa”, esclareceu Matubakana.
O também secretário para a Informação da FNLA admitiu que uma eventual decisão do TC em restituir o cargo de secretário-geral a Pedro Dala implicaria a realização de nova reunião do Comité Central e só depois iria realizar-se o congresso, o que poderia acontecer num horizonte temporal de cerca de um mês.
O político esclareceu que a comissão organizadora do congresso acatou a recomendação do TC, para não correr o mesmo risco de Ngola Kabangu que, em 2007, realizou um conclave que depois veio a ser impugnado por aquele órgão jurisdicional. Mesmo com a indefinição em termos de datas, garantiu que a comissão continua com o seu trabalho.
Candidatos desconfiados
Alguns candidatos à liderança da FNLA contactados pelo Jornal de Angola lançaram desconfianças sobre a protelação do congresso.
Fernando Pedro Gomes, um dos mais difíceis concorrentes de Lucas Ngonda, disse que, a confirmar-se a justificação dada pela direcção do partido, estar-se-ia perante uma “intromissão nos assuntos internos da FNLA”.
Candidato derrotado no último congresso, Pedro Dala desconfia que a demora na realização do congresso seja mais uma “manobra da direcção da FNLA”. “Tinham de nos explicar administrativamente e não verbalmente”, disse o político, que prometeu mobilizar mais candidatos para apurarem os factos junto do TC.
Outro candidato, que pediu o anonimato, também estranhou a justificação dada para o adiamento do congresso. “Em condições normais, o tribunal não pode recomendar a protelação da realização do congresso de um partido. Além disso, penso que a decisão do TC sobre o ‘Caso Dala’ em nada vai influenciar as decisões a saírem do congresso”, sustentou.
Tal como Pedro Gomes, este candidato prometeu ir ao TC para confirmar a veracidade das informações atribuídas à instituição.
O Jornal de Angola contactou o director do Gabinete dos Partidos Políticos do TC, Juvenis Paulo, que disse que assuntos como este devem ser encaminhados ao juiz presidente, mediante carta. Mas lembrou que o TC não tem a vocação de dar conselhos ou fazer recomendações aos partidos políticos.
Além de Pedro Gomes e Lucas Ngonda, que tenta a reeleição, formalizaram a intenção de liderar a FNLA Carlito Roberto, Laiz Eduardo, Tristão Ernesto, Joveth de Sousa, Álvaro Manuel e José Fernando “Tó Zé” Fula.