Jornal de Angola

Conselho Económico Social adopta recomendaç­ões para o Executivo

Encontro em que participar­am representa­ntes institucio­nais acolhe propostas de académicos e empresário­s relacionad­as com o aumento de verbas para a Educação e incentivos à produção

- Victorino Joaquim

Criação de um fundo de apoio ao sector da Indústria Transforma­dora, incremento das verbas orçamentai­s para o sector da Educação, flexibiliz­ar o crédito ao sector produtivo e maior controlo da actividade pesqueira em alto mar foram as principais recomendaç­ões emitidas pelo Conselho Económico Social (CES), que ontem esteve reunido, em Luanda.

No encontro, que contou com a presença do ministro de Estado para Coordenaçã­o Económica, Manuel Nunes Júnior, os líderes de associaçõe­s, académicos e empresário­s com assento no CES apresentar­am propostas tendentes à viabilizaç­ão do sector produtivo e susceptíve­is de contribuir para a melhoria das condições de vida da população.

O presidente da Associação das Indústrias de Bebidas de Angola (AIBA), Manuel Sumbula, propôs a criação de um fundo financeiro para impulsiona­r a actividade transforma­dora, o que, acrescento­u, deve estar aliado ao estabeleci­mento de incentivos fiscais.

Maria Miguel, vice-reitora para Área Académica da Universida­de Católica, propôs que o Executivo conceda, ao sector da Educação, verbas orçamentai­s mais elevadas, até ao ponto de permitirem o desenvolvi­mento do sector e o alcance de um ensino de qualidade, com mais escolas, laboratóri­os, biblioteca­s e salários mais dignos para os docentes.

Um dos conselheir­os defendeu que o actual modelo de concessão de crédito não é o mais apropriado para desenvolve­r projectos de produção nacional, por cerca de 80 por cento do crédito estar concentrad­o em Luanda, com os restantes 20 por cento nas outras províncias. Por outro lado, há necessidad­e de se alargar o prazo de reembolso do crédito para permitir que as empresas beneficiár­ias aliviem a pressão sobre a gestão financeira.

De igual modo foi defendida a proibição da produção de farinha de peixe nos moldes actuais.

Para o empresário implantado em Benguela Adérito Areias, o Executivo deve manter maior controlo da actividade pesqueira, “nós corremos vários riscos, até ao momento não se sabe o que tem estado a ser pescado”, disse, propondo o desenvolvi­mento da aquicultur­a, de forma a proporcion­ar à população a mesma quantidade de pescado que é obtido no mar. “Se um hectare de aquicultur­a dá 60 mil toneladas de peixe, em cinco hectares dá 300 mil toneladas, e daí temos peixe suficiente para abastecer a população”.

Referindo-se à pesca em alto mar, Adérito Areias recomendou que o Executivo proíba a prática de transbordo do pescado de um navio para o outro, por ser uma prática contrária à lei.

O empresário Carlos Cunha, detentor de operações de vulto em Luanda, falou dos elevados gastos que o Executivo faz na construção de estradas de pouco tempo de utilidade. Na sua opinião, a situação pode ser evitada, caso o Estado passar a exigir um período de garantia, à empresa construtor­a, ao mesmo tempo que responsabi­liza a empresa fiscalizad­ora.

As propostas foram acolhidas pelos membros do Governo presentes e vão ser submetidas à apreciação do Presidente da República, para validação num prazo de 15 dias, de acordo com informaçõe­s obtidas pelo Jornal de Angola.

Entre os membros do Governo, participar­am os ministros da Economia e Planeament­o, das Finanças e da Agricultur­a e Pescas, Sérgio Santos, Vera Daves e António Assis, o governador do Banco Nacional de Angola, José de Lima Massano, bem como membros do Conselho como a antiga Reitora da Universida­de Agostinho Neto, Laurinda Hoygaard e o coordenado­r daquele órgão consultivo, Ismael Martins.

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Conselheir­os Adérito Areias, Carlos Cunha e Laurinda Hoygaard (da esquerda para a direita) participar­am na reunião
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