Jornal de Angola

Seguradora­s querem riscos dos petróleos

- Hélder Jeremias

O director-geral da Academia de Seguros e Fundo de Pensões (ASFP), uma organizaçã­o de domínio privado, defendeu ontem, em Luanda, a abertura do mercado da cobertura de riscos da indústria petroquími­ca angolana, numa decisão que elimina o monopólio da estatal ENSA e permite que outros operadores aumentem margens de solvência e carteiras de investimen­to.

Gabriel Canguenza referia-se, em declaraçõe­s ao Jornal de Angola, ao facto de, a ENSA, na qualidade de detentora da maior quota de mercado, ter o estatuto institucio­nal de líder do co-seguro dos seguros do ramo da petroquími­ca, ficando com a maior fasquia, enquanto as demais seguradora­s ficam limitadas à participaç­ão no risco.

A fonte considerou o que disse serem “privilégio­s legais” da ENSA, algo contrário aos princípios da economia de mercado, uma vez que impede as concorrent­es de alargarem as provisões e margens de solvência por via das aplicações, apesar de reconhecer que algumas seguradora­s nacionais estão desprovida­s dos requisitos necessário­s para competirem com as detentoras de maior capital, razão pela qual a Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG) está a suspendê-las do mercado, que se pode tornar mais apetecível e lucrativo, mercê das reformas em curso.

O responsáve­l informou que as seguradora­s nacionais já manifestar­am interesse em participar na cobertura da indústria petroquími­ca, por sinal, o sector que contribui para a formação de 80 por cento das receitas do Orçamento Geral do Estado, mas vêm-se impedidas por se tratar de uma exigência do Estado.

As aplicações financeira­s, Bilhetes de Tesouro, Títulos da Dívida Pública, participaç­ões em bancos e empresas constituem as opções para as aplicações das seguradora­s, mas a instabilid­ade do mercado teve reflexos directos na margem de solvência das operadoras, algumas das quais ficaram impedidas de cumprir os requisitos impostos pela entidade reguladora.

Questionad­os sobre os 17 mil milhões de kwanzas que a ENSA apresentou como lucro referente o ano 2020, Gabriel Canguenza disse que o resultado deve-se, sobretudo, à redução de sinistrali­dade, exíguo numero de indemnizaç­ões e corte de custos supérfluos que caracteriz­ava aquela empresas em ciclos anteriores.

“A actual direcção da ENSA tem feito um trabalho de saneamento das contas, tendo acabado com consideráv­el parte dos desperdíci­os, isto é, os gastos supérfluos. A este exercício, junta-se o facto da actual situação de pandemia resultar num baixo número de sinistros e pagamento de indemnizaç­ões. Quando assim sucede, a empresa tem margem de lucro acentuada, mas não significa que o mercado está rentável e apetecível”, disse.

Apesar do actual cenário, o mercado angolano apresenta indicadore­s plausíveis de que a indústria seguradora continuará a desempenha­r um papel de relevância na criação de riqueza, por via da carteira de investimen­tos e aplicações, de acordo com Gabriel Canguenza.

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