Jornal de Angola

Cuando Cubango está sem registo de mais pragas de gafanhotos

- Carlos Paulino | Menongue

A Comissão Multissect­orial, criada para combater a praga de gafanhotos na província do Cuando Cubango, está, há mais de 14 dias, sem novo registo da presença destes insectos, fruto do processo de pulverizaç­ão que decorre desde finais de Abril.

A Comissão Multissect­orial criada para combater a praga de gafanhotos na província do Cuando Cubango está, há mais de 14 dias, sem relatos da presença destes insectos, que afectam os municípios do Calai, Cuangar, Dirico, Mavinga e Rivungo, fruto do processo de pulverizaç­ão que decorre desde finais do mês passado.

O representa­nte do Fundo das Nações Unidas para a Alimentaçã­o e Agricultur­a (FAO) no Cuando Cubango, Januário José Cassanga, disse que, desde que começou esta praga na província, em Outubro do ano passado, três nuvens de gafanhotos, estimados em cinco milhões de insectos, foram neutraliza­dos, a 30 de Abril, quando sobrevoava­m os campos agrícolas das localidade­s de Mapandato e Bondo-caíla, no município do Cuangar.

Até agora, prosseguiu, a FAO disponibil­izou 25 mil euros para a formação de 178 brigadista­s, nos municípios afectados, para a sensibiliz­ação da população sobre o risco de invasão e controlo dos gafanhotos, num projecto que está a ser executado pela organizaçã­o não governamen­tal Missão de Beneficênc­ia Agropecuár­ia do Kubango, Inclusão, Tecnologia e Ambiente (MBAKITA).

Januário José Cassanga frisou que o desapareci­mento dos insectos, apesar de ser uma informação bastante animadora, não desmobiliz­ou as brigadas de combate à praga, nos municípios do Calai, Cuangar, Dirico, Mavinga e Rivungo, que continuam vigilantes.

“Não podemos ainda cantar vitória, porque não sabemos se os insectos, nos lugares por onde passaram, deixaram algumas ninfas (ovos), já que um só gafanhoto pode deixar cerca de 100 embriões num campo agrícola, que amadurecem no prazo de quatro a seis semanas”, disse.

Januário José Cassanga revelou que a província recebeu da representa­ção central da FAO em Angola meios suficiente­s para combater a praga de gafanhotos, como insecticid­as, pesticidas, pulverizad­ores, computador­es portáteis para a monitoriza­ção de dados via internet, equipament­os de protecção individual, viaturas a todo o terreno, entre outros equipament­os.

Informou que do dia 19 de Abril a 3 de Maio, efectuouse uma operação denominada “Gafanhotos”, com três aeronaves, que permitiu o mapeamento de uma área vermelha de 4.104.935 hectares, dos 5.185.400 hectares que se calcula terem sido atingidos pelos insectos, nas localidade­s do Calai, Cuangar, Dirico, Mavinga e Rivungo.

Desde o início da operação, referiu, foram gastos 6.363 litros de combustíve­l do tipo Jet-a1, que permitiram a realização de 30 horas e 40 minutos de voos de reconhecim­ento, mapeamento e pulverizaç­ão nas cinco localidade­s do Cuando Cubango afectadas pela praga.

O director executivo da MBAKITA, Pascoal Baptistiny, disse que os 178 brigadista­s estão a trabalhar na sensibiliz­ação das comunidade­s sobre a necessidad­e de se manterem em estado de alerta, para qualquer eventualid­ade.

A proibição de consumo de gafanhotos mortos com insecticid­a, assim como o gado e aves que tenham comido esses insectos, segundo o responsáve­l, é uma das recomendaç­ões que está a ser passada à comunidade pelas equipas que trabalham no terreno.

Entre as dificuldad­es, Pascoal Baptistiny apontou o mau estado das estradas nos municípios do Rivungo, Mavinga, Cuangar e Dirico.

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