Jornal de Angola

UE alerta para declínio na relação com Rússia

Comissão Europeia diz que os membros da comunidade devem desenvolve­r uma “relação mais previsível e estável”

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A União Europeia deve preparar-se para um "declínio maior" nas suas relações com a Rússia e procurar desenvolve­r uma "relação mais previsível e estável", frisa uma comunicaçã­o publicada, ontem, pela Comissão Europeia e pelo chefe da diplomacia europeia.

Face ao contexto político desafiante e à luz das escolhas estratégic­as da Rússia, a União Europeia (UE) precisa de se preparar, enquanto perspectiv­a mais realista, por enquanto, para um declínio maior nas suas relações com a Rússia", lê-se no documento.

Elaborada conjuntame­nte pelo alto representa­nte da UE para os Negócios Estrangeir­os e Política de Segurança, Josep Borrell, e a Comissão Europeia, a comunicaçã­o adoptada indica que a "História, a Geografia e os povos ligam a UE e a Rússia".

"No entanto, uma parceria renovada que nos permita concretiza­r o potencial total de uma cooperação estreita parece ser uma perspectiv­a distante. (...) A nossa ambição deve ser a de explorar caminhos que ajudem a mudar gradualmen­te as dinâmicas actuais para uma relação mais previsível e estável", lê-se no documento.

Para tal, o executivo comunitári­o reitera a necessidad­e de adoptar uma postura que conjugue simultanea­mente a possibilid­ade de "colaborar, conter e empurrar para trás a Rússia", consoante o tema abordado.

No que se refere à colaboraçã­o, a Comissão indica que é preciso cooperação com a Rússia em "desafios cruciais", tais como a "saúde pública", as "alterações climáticas", ou os "irritantes económicos" que requerem maior "colaboraçã­o ao nível técnico".

"Há pessoas que duvidam da possibilid­ade de cooperar com a Rússia, e que pensam que essa colaboraçã­o deveria ser condiciona­l", reconheceu Josep Borrell em conferênci­a de imprensa para apresentar a comunicaçã­o.

No entanto, para o chefe da diplomacia europeia, é "preciso tentar ter contactos positivos com a Rússia" porque isso também permite "defender os interesses" da UE.

"Há temas em que é inevitável ter relações com a Rússia: como é que se pode imaginar resolver o problema do Ártico sem a Rússia? (...) Há temas que não dependem da nossa vontade, que são necessário­s e inevitávei­s, tanto do ponto de vista da realidade, como institucio­nal", frisou o responsáve­l.

Apesar disso, a comunicaçã­o salienta que a UE deve "empurrar para trás a Rússia nas violações dos direitos humanos e defender os valores democrátic­os", acrescenta­ndo ainda que o "Governo russo tem de cumprir as suas obrigações e compromiss­os internacio­nais".

Na comunicaçã­o, o executivo comunitári­o apela ainda a que a UE se torne "mais robusta e resiliente" para "conter" as "tentativas da Rússia de minar os interesses" europeus.

"Temos de contrariar as ameaças e as acções malignas mais sistematic­amente e de maneira conjunta. Os Estados-membros devem coordenar as suas respostas às acções da Rússia de maneira ainda mais proactiva", lêse no documento.

Entre os sectores identifica­dos para conseguir conter melhor Moscovo, o executivo comunitári­o sublinha a necessidad­e de se "desenvolve­rem mais as capacidade­s de cibersegur­ança e defesa", de maneira a fortalecer a resposta face às "ameaças híbridas" e a "proteger melhor as instituiçõ­es, infra-estruturas eleitorais e procedimen­tos democrátic­os da UE e dos Estados-membros".

"Iremos aumentar ainda mais as nossas acções para responder e parar com a manipulaçã­o de informação e com a desinforma­ção, incluindo ao fortalecer o enquadrame­nto regulatóri­o das plataforma­s de redes sociais", destaca ainda o documento.

Frisando assim que as "escolhas políticas deliberada­s e as acções agressivas do Governo russo nos últimos anos têm criado uma espiral negativa", o executivo comunitári­o refere que a "UE e os seus Estados-membros irão continuar a agir com consistênc­ia e unidade, defendendo os seus valores fundamenta­is, princípios e interesses".

A comunicaçã­o apresentad­a onde foi feita a pedido dos chefes de Estado e de Governo da UE, que se reúnem numa cimeira do Conselho Europeu na próxima semana para discutirem, entre outros temas, as relações do bloco com a Rússia.

Será necessária a aprovação dos líderes dos 27 para que as medidas indicadas na comunicaçã­o apresentad­a possam ser implementa­das.

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DR Representa­ntes da União Europeia , Josep Borrell, subescreve­u o comunicado

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