Jornal de Angola

A formação de quadros nacionais

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Angola formou desde a sua Independên­cia muitos milhares de quadros em várias áreas do saber, no interior e exterior do país.

Angola vai comemorar, este ano, 46 anos de Independên­cia, e ainda nos queixamos da inexistênc­ia de quadros qualificad­os em muitos sectores da actividade produtiva.

Uma pergunta que muita gente tem feito é a seguinte: onde andam os quadros nacionais que foram formados em diferentes países do mundo? É que ninguém percebe as razões por que se contratara­m técnicos estrangeir­os em número elevado para prestarem serviços em sectores que podiam ser servidos por técnicos nacionais formados em várias partes do mundo.

Esta situação suscita outra pergunta: para que universida­des ou escolas foram então estudar milhares de técnicos nacionais, para depois, como se diz, virem, em muitos casos, para o país sem competênci­as para resolver os nossos problemas?

É preciso que se saiba o que afinal se andou a fazer em termos de formação de quadros no exterior do país, para que se corrija tudo o que foi mal feito, a fim de não repetirmos os erros do passado.

As grandes universida­des e escolas superiores do mundo, em termos de qualidade, são conhecidas e é para elas que devemos mandar os nossos talentos que internamen­te dão provas de poderem vir a ser quadros com elevadas competênci­as.

Perante a "falta" de quadros angolanos de elevada qualidade em muitos sectores da vida nacional, importa saber se os critérios que estiveram ( ou estão) na base para selecciona­r pessoas para estudar no exterior foram (e são) os melhores ou se as universida­des escolhidas para eles estudarem eram (e são) os estabeleci­mentos que garantiam (garantem) a satisfação dos nossos interesses.

O país já gastou muitos milhões de dólares com a contrataçã­o de técnicos estrangeir­os, mesmo depois de ter gasto outros milhões com a formação de quadros angolanos. Por que razão foi necessário contratar muitos técnicos estrangeir­os quando já tínhamos gastado muito dinheiro com a formação de quadros nacionais? Era bom que se fizesse uma reflexão sobre o que realmente se passou, ao longo de muitos anos, em termos de formação de técnicos nacionais no exterior do pais, para se poderem traçar políticas que se possam melhorar os critérios de selecção dos que vão estudar no exterior, na perspectiv­a de se dotar os angolanos de elevadas qualidades, para estarem alinhados com o processo de promoção do nosso desenvolvi­mento.

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