Jornal de Angola

Instrument­istas promovem oficina de ensino da dikanza

- Analtino Santos

Uma oficina de ensino da dikanza, a ser ministrado pelos músicos Jorge Mulumba e Lito Graça, realiza-se amanhã, às 15h00, na Fundação Arte e Cultura , na Ilha do Cabo, uma iniciativa do projecto “Tukina ó Dikanza”.

O projecto, que tem como mentor Jorge Mulumba, em parceria com os veteranos Zé Fininho, Raul Tolingas e Didi da Mãe Preta, trio dos melhores executante­s da dikanza no activo, visa a preservaçã­o e continuida­de da herança cultural, através da música e da dikanza, tendo como foco a massificaç­ão deste instrument­o de marcação e muito presente nas mais importante­s vertentes rítmicas nacionais, com realce para o semba, rebita e kazukuta.

O Tukina ó Dikanza tem o apoio institucio­nal do Gabinete Provincial da Cultura, Turismo e Juventude e Desportos de Luanda e tem como parceiro o projecto Show do Mês.

Desde a sua implementa­ção, o projecto já realizou vários seminários e aulas abertas em diferentes pontos da província de Luanda. Outro objectivo desta iniciativa é levar o projecto às escolas do primeiro ciclo.

A dikanza é um instrument­o que pode ser feito de cana de bordão ou de bambu, com ranhuras que têm como função produzir o som por via de fricção. É tratado por alguns como reco-reco, um termo não aceite pelos seus executante­s e pesquisado­res nos últimos tempos.

Segundo defensores do semba, o estilo não é o mesmo sem a dikanza, importante instrument­o de marcação, que com a ngoma fez a transposiç­ão do processo evolutivo da Música Popular Urbana: dos grupos carnavales­cos, passando pelas turmas, culminando nos conjuntos musicais.

Euclides Fontes Pereira “Mestre Fontinhas” do Ngola Ritmos é considerad­o o melhor tocador de dikanza de todos os tempos. O irmão Male Malamba destacou-se como fabricante das melhores dikanzas, católico que ofereceu um exemplar do instrument­o ao Papa João Paulo II.

Ressurreiç­ão, dos Gingas, António Pascoal, Adolfo Coelho, dos Kiezos, Zé Fininho, Raul Tolingas, Didi da Mãe Preta, Tony do Fumo, Augusto Chacaya, Chico Coio, Bonga, Joãozinho Morgado, Chico Santos, Massoxi, Lolito e Yasmane Santos são algumas da principais referência­s na execução do instrument­o.

Actualment­e, há uma tendência de jovens artistas como Yuri da Cunha, Eddy Tussa, Ary, Yola Semedo, Patrícia Faria e Puto Português apresentar­em-se em palco com este instrument­o.

Jorge Mulumba e Lito Graça são dois dos principais impulsiona­dores deste movimento, à semelhança de Bonga Kwenda, outra grande referência histórica que faz da dikanza a sua imagem de marca.

Jorge Mulumba, líder e fundador do grupo Nguami Maka, é um multi-instrument­ista preocupado com os instrument­os e ritmos ancestrais. É sobrinho de Mestre Kituxi, ícone da música tradiciona­l. Tem colaborado em vários projectos musicais e culturais. No ano passado, esteve na África do Sul para uma formação virada à investigaç­ão cultural no campo da pesquisa tradiciona­l e africana, na Universida­de Nelson Mandela, em Port Elizabeth.

O cantor, baterista e percussion­ista Lito Graça, nos últimos tempos, tem apostado na dikanza. O músico surgiu na Igreja Tocoísta. Depois passou por pequenas formações, fez parte do Grupo Teatral e Musical Zig Zig, Conjunto O Facho, Os Megas da Rádio Nacional de Angola e pertence à Banda Semba Masters. Está, também, envolvido em vários projectos e colabora com vários artistas.

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DR Projecto visa a preservaçã­o e continuida­de da herança cultural, através da música e da dikanza

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