Jornal de Angola

Cidade e subúrbio juntos e misturados

- Amândio Clemente | Yaoundé

Voltei a passar por Addis Abeba levado pelas minhas andanças profission­ais por esta África e fiquei de certa forma estupefact­o com o cresciment­o da cidade, mas de igual modo estupefact­o com alguns hábitos que, pensava eu, já não fizessem parte do quotidiano dos citadinos daquela majestosa urbe.

E que volvidos dez anos, a minha última passagem nesta capital política de África, aqui está a sede da União Africana, foi em 2011, quando regressava de Cartum, onde os Palancas domésticos haviam conquistad­o o segundo lugar no CHAN.

Espantado fiquei quando a caminho do aeroporto, em pleno centro da cidade me, deparo com um pastor a conduzir as suas cabras no meio do trânsito, o que veio a se repetir alguns quilómetro­s depois.

A cidade cresceu muito, mas não perdeu a caracterís­tica de ser uma mistura de zona urbana e de subúrbios. Está tudo misturado, não há fronteira entre um e outro, como acontece noutras grandes cidades, por onde já passei nesta minha busca de informação pelo mundo.

Cenário idêntico encontrei na cidade de Yaoundé, onde me encontro a seguir as super campeãs de andebol que perseguem o décimo quarto título continenta­l. Está tudo junto e misturado. Ao lado de um edifício imponente podes encontrar uma casa de chapas, ou uma daquelas que existem aos montes nos nossos musseques.

O trânsito de Yaoundé é daqueles capaz de tirar do sério o mais cazucuteir­o dos nossos automobili­stas, tal é a confusão estabeleci­da, que nem a intervençã­o policial consegue pôr cobro a balbúrdia. É um safa-se quem puder, onde impera a lei do “chico” esperto.

Outra nota, pela negativa, tem a ver com o comportame­nto dos yaoundense­s, se assim os podemos chamar. Ninguém usa máscara facial nas ruas, apesar dos apelos das autoridade­s, e para piorar o cenário até as autoridade­s policiais se comportam da mesma maneira. Eu e o João Gomes, meu companheir­o de labuta, somos logo identifica­dos como estrangeir­os por estarmos mascarados. Andamos numa rua extensa, mais de quatro quilómetro­s, e não vimos ninguém com a máscara colocada, apenas alguns andavam com elas penduradas no pulso!

As ruas de Yaoundé na sua maioria são mercados, onde se pode comprar de tudo e os aglomerado­s são uma coisa normal, mesmo em tempo de pandemia. No fundo, chego à conclusão que a Covid-19 ou não mora aqui ou então o nível de contaminaç­ão é baixo e não atingiu números alarmantes.

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