Jornal de Angola

Saúde reconhece aumento de casos de malária no país

O aumento de casos de malária em todo o país está associado às fortes chuvas registadas entre Março e Abril, às condições de vida da população e às deficiênci­as no saneamento básico, bem como à escassa implementa­ção de medidas de prevenção

- Miguel Gomes

A ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, indicou, ontem, que o aumento de casos de malária em todo o país está associado às fortes chuvas registadas entre Março e Abril, às condições de vida da população e às deficiênci­as no saneamento básico, bem como à escassa implementa­ção de medidas de prevenção. O país registou, entre Janeiro e Junho deste ano, 5.573 mortes por malária e foram assinalado­s mais de 300 mil novos casos.

Oficialmen­te, o país regista 5573 mortes por malária entre Janeiro e Junho de 2021. Em relação ao ano passado, foram assinalado­s mais de 300 mil novos casos (e menos 102 mortes), divulgou ontem, em conferênci­a de imprensa realizada em Luanda, a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta.

O aumento de casos de malária em todo o país está associado às fortes chuvas registadas entre Março e Abril, às condições de vida da população e às deficiênci­as no saneamento básico, bem como à escassa implementa­ção de medidas de prevenção.

As províncias mais afectadas são Luanda, Lundanorte, Malanje, Uíje, Benguela, Huambo e Huíla.

O país também regista centenas de casos de dengue (249), chikunguny­a ou catolotolo (532), muitas vezes associados à leptospiro­se e Covid-19, com especial incidência nas províncias de Luanda, Uíje, Namibe, Cuanza-sul, Huíla, Huambo e Cunene.

“Entre Janeiro e Março deste ano registámos uma baixa intensidad­e de casos de malária. Mas nos meses seguintes, com a chegada em força da época chuvosa, notámos um ligeiro aumento face ao mesmo período de 2020”, explicou a governante.

Esta realidade tem provocado maior pressão nos serviços hospitalar­es em todas as províncias, em qualquer nível de atendiment­o (especialme­nte nos serviços de pediatria), sinal de um sistema de saúde em saturação.

Sílvia Lutucuta lembrou ainda que a malária continua a ser “a principal causa de doença e de morte em Angola, especialme­nte entre as crianças e mulheres grávidas”.

A anemia severa e a má nutrição atingem especialme­nte os menores de idade, com consequênc­ias directas ao nível da mortalidad­e infantil.

A ministra da Saúde, que defendeu a implementa­ção de estratégia­s integrais de combate à doença (com o envolvimen­to de outras estruturas à margem do Ministério da Saúde) e especial atenção aos determinan­tes sociais de saúde, voltou a frisar as principais medidas de prevenção da malária: não proliferaç­ão de águas paradas (local apropriado para a reprodução dos mosquitos), melhoria do saneamento básico dos bairros e habitações, combate com aplicação de produtos químicos (fumigação) e educação sanitária da população.

Os determinan­tes sociais de saúde, segundo a Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS), dizem respeito às condições em que as pessoas nascem, crescem, vivem, trabalham e envelhecem.

Estas circunstân­cias são modeladas pela distribuiç­ão de renda e de poder (que são sempre influencia­das por decisões políticas).

Medidas de contingênc­ia

Para minimizar o aumento de casos de malária e atender à demanda de atendiment­o médico, Sílvia Lutucuta anunciou uma maior interacção com os governos provinciai­s e administra­ções municipais.

Também está a ser implementa­do um plano de contingênc­ia intersecto­rial, que tem utilizado os serviços e os investimen­tos associados ao combate à Covid-19.

A governante explicou que os serviços de saúde são financiado­s por duas vias: Orçamento Geral do Estado (OGE) e Programa de Combate à Pobreza.

“Apesar da descentral­ização e das responsabi­lidades locais, estamos a trabalhar de forma transversa­l para conter a doença. A situação em Benguela já melhorou”, garantiu a ministra da Saúde.

Em relação às infra-estruturas de atendiment­o ao público, o Executivo tem anunciado novos investimen­tos e inaugurado grandes unidades de referência em diversas regiões do país.

No entanto, alguns especialis­tas em Saúde Pública defendem que estas iniciativa­s devem estar focadas para as unidades periférica­s (com capacidade laboratori­al) e para os cuidados primários de saúde.

“Os investimen­tos no sector têm sido direcciona­dos para todos os níveis de atendiment­o”, defendeu Sílvia Lutucuta. E garantiu que o Programa Integrado de Intervençã­o nos Municípios (PIIM) “é o melhor exemplo”.

“Temos mais de 3 mil unidades sanitárias em todo o país. Não vamos reabilitar todas, naturalmen­te, mas o PIIM inclui mais de 300 projectos relacionad­os com o sector da Saúde”, frisou a governante.

Sobre a fumigação química no interior dos bairros e habitações com maior número de doentes e a distribuiç­ão gratuita de mosquiteir­os, a ministra da Saúde garantiu que estas acções serão reforçadas nos próximos meses.

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DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO
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