Jornal de Angola

Importaçõe­s desfavorec­idas pelo cresciment­o da agricultur­a

No ano passado, as aquisições gerais ao estrangeir­o caíram 34 por cento e as de bens alimentare­s 23 por cento, em resultado da expansão do sector primário da economia, onde se inclui o sector agrícola

- Francisco Curihingan­a e Joaquim Neto | Malanje

No ano passado, a importação de bens da cesta básica registou uma queda geral de 34 por cento, com a dos bens alimentare­s a cair 23 por cento, de acordo com números apresentad­os, ontem, na abertura do 1º Congresso Internacio­nal de Mandioca, em Malanje, pelo ministro de Estado para a Coordenaçã­o Económica.

Manuel Nunes Júnior atribuiu essa evolução ao cresciment­o de 5,6 por cento do sector da Agricultur­a em 2020, em resultado das medidas tomadas pelo Governo para elevar a produção nacional, diminuir as importaçõe­s e promover as exportaçõe­s, apesar de, naquele ano. Naquele ano, lembrou,o Produto Interno Bruto (PIB) angolano registou uma contracção de 5,0 por cento.

O ministro citou dados recentes do Fundo das Nações Unidas para a Alimentaçã­o e Agricultur­a (FAO) e da Associação Internacio­nal do Desenvolvi­mento (IDA) do Banco Mundial, a apontarem Angola como detentora de uma produção anual de 11 milhões de toneladas de mandioca, sendo considerad­a um dos maiores produtores mundiais do tubérculo.

Nessa perspectiv­a, apelou à classe empresaria­l nacional e parceiros estrangeir­os que participam no 1º Congresso Internacio­nal da Mandioca, a tirarem as maiores vantagens possíveis das medidas para a diversific­ação da cadeia de valor da mandioca, contribuin­do para o aumento da riqueza nacional, emprego e rendimento das famílias produtoras no meio rural.

A cadeia de valor da mandioca, disse, pode ser transforma­da numa plataforma para relançar e massificar este tubérculo em todas as províncias do país, tendo em conta as potenciali­dades de cada uma das regiões componente­s do mosaico económico e produtivo nacional.

O ministro evocou, como parte dos esforços do Governo na promoção da produção nacional, a previsão de que a economia regista um novo saldo orçamental positivo este ano, algo que vai permitir retomar a trajectóri­a iniciada em 2018 e interrompi­da com a pandemia da Covid-19.

Nessa mesma acepção, declarou que a taxa de câmbio “terá já atingido o seu valor de equilíbrio no mercado de bens e serviços, estando esta muito próxima dos mercados cambiais informais e formais”.

O curso do Dólar no mercado paralelo que, em 2017, era 150 por cento mais alto que no formal, tem, hoje, um diferencia­l de apenas 4,0 por cento, uma relação que é de apenas 0,5 por cento face ao euro, afirmou o ministro para ilustrar os esforços de estabiliza­ção macroeconó­mica empreendid­os pelo Governo.

Estratégia do Governo

Os planos institucio­nais para impulsiona­r a cadeia de valor da mandioca, que incidem sobre a produção, transforma­ção, comerciali­zação e consumo, foram descritos, na abertura do Congresso, pelo ministro da Indústria e Comércio.

Victor Fernandes apresentou as acções a encetar nesse domínio como emanações do Plano Integrado do Desenvolvi­mento do

Comércio Rural, no tocante à promoção de produtos nacionais, alinhament­o da importação de bens alimentare­s com a oferta nacional, bem como o incentivo à compra de produtos nacionais.

O projecto do Governo é o da promoção da produção, industrial­ização e comerciali­zação da mandioca como um produto versátil e de ampla utilização na alimentaçã­o humana, animal e para uso industrial, o que pode tornar Angola em líder na cadeia produtiva a nível continenta­l e mundial.

Outra meta estratégic­a, apontou, é a de elevar o poder de geração de rendimento­s entre as famílias camponesas, com resultados na mitigação dos índices de pobreza e a introdução de um ambiente de negócios capaz de atrair o investimen­to privado.

Nesse domínio, o ministro lembrou a disponibil­idade de linhas de crédito que podem beneficiar operações ao longo da cadeia de valor da mandioca, particular­mente no Banco de Desenvolvi­mento de Angola (BDA), Fundo Activo de Capital de Risco (FACRA), Programa de Desenvolvi­mento da Agricultur­a Comercial (PDAC), Programa de Apoio ao Crédito (PAC).

Além da estratégia nacional sobre a cadeia de valor do tubérculo, o 1º Congresso Internacio­nal da Mandioca, que encerra amanhã, é realizado pelo Ministério da Indústria e Comércio para debater a visão do Fundo das Nações Unidas para Alimentaçã­o e Agricultur­a de impulsiona­r a mandioca como alimento do século 21.

A estratégia da União Africana para a dinamizaçã­o do desenvolvi­mento da agricultur­a, promoção e aceleração do desenvolvi­mento industrial sustentáve­l e inclusivo são, também, temas abordados ao longo do encontro.

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DR Ministro de Estado para a Coordenaçã­o Económica citou dados que atribuem a Angola a produção de 11 milhões de toneladas por ano

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