Comissária da União Africana realça importância do cultivo de mandioca para o continente
Numa comunicação apresentada ao Congresso, a comissária da União Africana (UA) Josefa Sacko destacou o cultivo da mandioca e do inhame por representarem dois terços do da produção de 351 milhões de toneladas de raízes, tubérculos e banana no continente, desde 2016, com área de plantio a crescer, nesse período, de 11 para 42 milhões de hectares.
A intervenção, realizada online, desde Addis-abeba, Josefa Sacko sublinhou que, só a mandioca representou 138 milhões de toneladas ou quase metade da produção, com 67 por cento do aumento a concentrar-se na Nigéria, República Democrática do Congo (RDC) e Ghana, onde serve como principal produto de base, enquanto Angola, Moçambique, Malawi, Camarões e Costa do Marfim são responsáveis por mais 16 por cento da cifra.
Considerou que as raízes, tubérculos e banana têm potencial de contribuir significativamente para acabar com a fome e a subnutrição no continente, devido ao crescimento da produtividade e à diversidade dos ecossistemas sob os quais podem crescer.
De acordo com a comissária da UA para o Departamento da Agricultura, Desenvolvimento Rural, Economia Azul e Ambiente Sustentável, os sistemas alimentares africanos permanecem limitados em quase todas as componentes chave, a começar pela produção e produtividade alimentar, que continua a ser pouco competitiva, muito abaixo do potencial de proporcionar rendimentos decentes aos agricultores e empresários da linha da frente, apesar de a agricultura ser a principal actividade económica e de subsistência para mais de 60 por cento das populações.
Lembrou que a transformação da agricultura africana tem estado no centro dos debates políticos desde 2003, em
Maputo, algo reafirmado em Malabo, em 2014, quando os Chefes de Estado e de Governo da UA adoptaram o CAADP, o Quadro para o Desenvolvimento da Agricultura em África como um motor para o desenvolvimento da industrialização em África através da agricultura.
Defendeu que a transformação da agricultura em África deve abarcar as novas tecnologias de informação: a digitalização da agricultura, “não só facilitará o planeamento e gestão dos riscos climáticos e sanitários, como melhorará a gestão agrícola e, por conseguinte, reduzirá os custos de produção, facilitará o acesso ao mercado e atrairá os jovens do sector”.
Há ainda, a necessidade de se investir na reforma agrária, prosseguiu, considerando que o acesso à terra e a segurança são fundamentais para a transformação da agricultura em África. A actual dimensão média da exploração agrícola em África, que é de cerca de dois hectares, constitui um verdadeiro constrangimento ao investimento na adopção das inovações e na modernização da agricultura continental em comparação com a Europa, onde a dimensão média é de cerca de 60 hectares.
Para Josefa Sacko, África deve definir o seu modelo de desenvolvimento agrícola baseado numa intensificação sustentável que tenha em conta os sistemas de produção tradicionais e a diversidade das suas estruturas e sistemas agrícolas.
Garantiu que a Zona de Comércio Livre Continental Africana oferece uma oportunidade para transformar a agricultura, que contribuirá para os quatro principais requisitos de segurança alimentar , acesso, utilização e estabilidade da oferta e encorajará a produção em áreas com vantagens comparativas.