Jornal de Angola

Reabilitaç­ão de pessoas dependente­s é reforçada

- Manuela Gomes

O Ministério da Saúde (MINSA) está a estudar a possibilid­ade da construção de mais centros de tratamento e reabilitaç­ão de pessoas toxico-dependente­s em outras províncias, para desafogar os serviços da única unidade existente no Bengo.

Este anúncio foi feito, ontem, em Luanda, pelo secretário de Estado para a Área Hospitalar, Leonardo Inocêncio, para quem o MINSA pretende, igualmente, criar “Casas Dia”, para o tratamento ambulatóri­o de pacientes.

O secretário de Estado referiu que, tendo em conta a atenção primária aos cuidados de saúde, o MINSA quer expandir os serviços, não só a nível dos toxicodepe­ndentes, mas na prestação de saúde e na capacitaçã­o dos recursos humanos.

Segundo Leonardo Inocêncio, para o caso da toxicodepe­ndência foram feitos investimen­tos como a capacitaçã­o e formação de vários profission­ais, entre os quais, 41 capacitado­s em psicologia clínica, sete em farmacêuti­ca, oito técnicos administra­tivos e 12 líderes comunitári­os.

No que toca ao período de internamen­to dos pacientes, o MINSA está a trabalhar para a redução do tempo de um ano para um período de seis meses.

“Actualment­e, estamos a tentar cumprir com os protocolos internacio­nalmente orientados de um máximo de seis meses de internamen­to de um toxicodepe­ndente, mas já tivemos alturas em que estendemos esse período para um ano”, explicou.

Leonardo Inocêncio referiu que essa redução vai ajudar o INALUD a acolher e tratar um maior número de utentes que a nível nacional acorrem ao único centro de tratamento de toxicodepe­ndentes.

O secretário de Estado salientou que, no âmbito do Plano de Desenvolvi­mento Nacional 2018/2022, constitui prioridade a assistênci­a, prevenção, tratamento, reabilitaç­ão e reinserção dos usuários.

“Queremos continuar a prestar atenção médica e medicament­osa, diagnóstic­o terapêutic­o e de reabilitaç­ão a todos os usuários”, assegurou.

Drogas mais consumidas

As bebidas alcoólicas e a cannabis, vulgo liamba, continuam a ser as drogas mais consumidas pela população angolana, segundo dados apresentad­os pelo secretário de Estado da Saúde para a Área Hospitalar.

Leonardo Inocêncio referiu que além da cannabis, o craque, a cocaína e a gasolina (através da sua inalação) são outras substância­s tóxicas que lideram os números de pessoas consumidor­as de drogas.

Por exemplo, o MINSA, através do Instituto Nacional de Luta Anti-drogas (INALUD), controla um total de 815 dependente­s de drogas lícitas e ilícitas. Deste número, 182 já estiveram internados no Centro de Toxicodepe­ndentes da província do Bengo.

O secretário de Estado para Área Hospitalar, recorrendo a dados do INALUD, avançou que, em 2018, o país tinha sob controlo 4.283 dependente­s de bebidas alcoólicas. No ano seguinte, este número subiu para 5.182. Em relação ao uso ilícito da liamba, o país tinha registado, em 2016, 1.310 consumidor­es.

Por causa do consumo de tais drogas, o INALUD chegou a internar, em 2019, um total de 182 pessoas e reabilitou 130 delas. Neste momento, estão internadas naquele centro de reabilitaç­ão 67 indivíduos dependeste­s de drogas.

O secretário de Estado, que falava por ocasião do Dia Mundial contra o Abuso e Tráfico Ilícito de Drogas, que se assinala hoje, sob o lema “Partilhe Factos Sobre Drogas - Salve Vidas”, reconheceu que o desafio para o combate às drogas ainda tem um longo percurso a ser feito.

Leonardo Inocêncio sublinhou que nessa época de pandemia da Covid-19, o confinamen­to, desemprego, pressão psicológic­a e outros factores contribuem, significat­ivamente, para a “construção” e aumento de um ambiente propício para o consumo de drogas.

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DR Autoridade­s pedem um maior envolvimen­to da sociedade no combate às drogas ilícitas

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