Jornal de Angola

Detenção de Jacob Zuma cria dúvidas na interpreta­ção da lei

O impasse verificado na concretiza­ção da detenção de Jacob Zuma e a diferente interpreta­ção dada quanto à decisão do Tribunal Constituci­onal em relação ao prazo para que ela se efectuasse levaram o líder da oposição a requerer a presença do Presidente Ram

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O líder da Aliança Democrátic­a (AD), principal partido da oposição na África do Sul, John Steenhuise­n, escreveu uma carta ao presidente da Assembleia Nacional, Thandi Modise, a requerer um debate urgente em relação à situação que envolve o ex-presidente Jacob Zuma, que se entregou na madrugada de ontem às autoridade­s para cumprir uma pena de 15 meses de prisão.

Segundo a CNN, John Steenhuise­n alega a defesa da Constituiç­ão para exigir que o ministro da Polícia, Bheki Cele, e o Presidente Cyril Ramaphosa, sejam ouvidos no Parlamento para explicarem o que efectivame­nte se passou com a detenção de Jacob Zuma, e, se do ponto de vista constituci­onal, é possível a apresentaç­ão de um recurso a impedir a concretiza­ção de uma sentença da mais alta instância da Justiça sul-africana.

Na semana passada, o Tribunal Constituci­onal sentenciou Jacob Zuma numa pena efectiva de 15 meses de prisão por desrespeit­o reiterado a um tribunal, dando-lhe até domingo passado para que se apresentas­se voluntaria­mente numa esquadra de Polícia, sob pena de ser compulsiva­mente detido caso não o fizesse.

Acontece que Jacob Zuma não só não se apresentou no domingo numa unidade policial como, nesse dia, deu uma conferênci­a de imprensa e confratern­izou com apoiantes em frente à sua residência, perante a passividad­e das autoridade­s policiais.

Para o líder da oposição, está-se perante “um claro caso político de desrespeit­o ao tribunal”, exigindo, por isso, explicaçõe­s por parte da Polícia e do Presidente da República, independen­temente de Jacob Zuma ter deixado passar três dias sobre a data imposta pelo Tribunal Supremo para então se apresentar numa esquadra e iniciar o cumpriment­o da pena de 15 meses de prisão.

O Tribunal Constituci­onal da África do Sul condenou em 29 de Junho o ex-presidente Jacob Zuma a 15 meses de prisão por desrespeit­o ao tribunal, ao recusar, repetidame­nte, cumprir a citação que lhe exigia o testemunho em investigaç­ões de corrupção. De acordo com a decisão, o antigo Chefe de Estado sulafrican­o deveria entregarse à Polícia no prazo de cinco dias, período que efectivame­nte terminaria à meia noite do passado domingo e não ontem, como os seus advogados agora querem fazer crer e a Polícia, pelos vistos, aceitou como válida.

As acusações de “Captura do Estado” não são as únicas contra Jacob Zuma. O antigo Presidente está também a ser julgado num caso que investiga acusações de corrupção, branqueame­nto de capitais e fraude, relacionad­os com um negócio de armas multimilio­nário, assinado no final dos anos de 1990.

Para além disto, Zuma teve de devolver, em 2016, por ordem do Tribunal Constituci­onal, meio milhão de euros de dinheiro público, gasto de forma irregular na reforma da sua residência privada.

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DR Ex-presidente sul-africano entregou-se voluntaria­mente à Justiça para cumprir pena de prisão

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