Jornal de Angola

Angola elege cooperação económica para a CPLP

A contribuiç­ão na implementa­ção e difusão efectiva da Língua Portuguesa é outra prioridade do mandato, adiantou o ministro das Relações Exteriores, numa conferênci­a de imprensa que serviu para apresentar a agenda da Cimeira de Luanda

- Manuel Albano |

Angola elege a cooperação económica e empresaria­l como as principais prioridade­s, ao assumir a presidênci­a rotativa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), durante a XIII Conferênci­a de Chefes de Estado e de Governo da organizaçã­o, que decorre de 12 a 17 deste mês, em Luanda.

O compromiss­o foi reassumido, ontem, à imprensa, em Luanda, pelo ministro das Relações Exteriores, Téte António, no acto de lançamento da agenda de trabalho da Cimeira da CPLP. O chefe da diplomacia angolana explicou que o país pretende dar continuida­de aos projectos já existentes e assinar acordos sobre a mobilidade do espaço da comunidade, assentes na regulariza­ção e agilidade para permitir o desenvolvi­mento dos Estados Membros.

Para o desenvolvi­mento e aperfeiçoa­mento dos laços económicos, disse, é fundamenta­l que a mobilidade das pessoas seja um facto garantido. Bastante reservado e ponderado relativame­nte à bandeira da presidênci­a angolana na CPLP, o diplomata disse que o mais importante a reter “são as tradições existentes entre os Estados-membros e a facilidade de comunicaçã­o entre si”.

Com efeito, disse ser preciso regular, sobretudo agilizar, a proposta para a mobilidade de pessoas no espaço da comunidade. Num contexto em que a pandemia da Covid-19 devastou várias economias, Téte António considerou que a mesma também veio mostrar aos Estados-membros a importânci­a e vantagens do valor da solidaried­ade.

“Temos um mercado de 270 mil pessoas e países com costas marítimas com muitas potenciali­dades que precisam ser melhor exploradas do ponto de vista económico para garantir a internacio­nalização das nossas economias”, disse.

Ao assumir a presidênci­a rotativa da CPLP, disse, Angola pretende contribuir na implementa­ção e difusão efectiva da Língua Portuguesa como o quando pilar para o desenvolvi­mento económico da comunidade, dentro dos acordos já existentes sobre a Conservaçã­o Política, Diplomátic­a e Cooperação.

“Queremos dar continuida­de ao trabalho desenvolvi­do por Cabo Verde que está preocupado com a questão da mobilidade. Vamos procurar trabalhar para preservar as conquistas existentes”, prometeu.

Situação em Moçambique

A situação de conflito armado em Moçambique é um dos assuntos a ser discutido na Cimeira, em cuja declaração final a CPLP vai fazer um pronunciam­ento.

Segundo Téte António, o futuro da CPLP “O futuro comum vai permitir levar à estabilida­de sustentáve­l das comunidade­s porque sem esse vector poderá compromete­r todo o processo”.

Questionad­o sobre a Guiné Equatorial que terá oportunida­de de apresentar o ponto de situação sobre o fim da pena de morte, uma das condições da sua adesão à organizaçã­o, em 2014, o ministro referiu que se está a falar de um país suficiente­mente maduro que sabe interpreta­r os requisitos da organizaçã­o.

A Guiné Equatorial está no processo de aprovação legislativ­a de um novo

Código Penal, que prevê o fim da pena de morte.

O país, antiga colónia espanhola, tornou-se membro de pleno direito da CPLP em Julho de 2014, mediante um “roteiro de adesão” que incluía a divulgação do português como língua oficial e a abolição da pena de morte, medida que ainda não foi ratificada pelo Presidente Teodoro Obiang Nguema.

A escolha da data para a realização da Cimeira, disse o chefe da diplomacia angolana, tem a ver com o facto de se pretender fazêla coincidir com o dia em que se assinalam os 25 anos da CPLP, a 17 de Julho.

Fortalecer o futuro comum

O ministro das Relações Exteriores fez a apresentaç­ão pública do programa da Cimeira, a decorrer sob o lema “Construir e fortalecer um futuro comum e sustentáve­l”.

No dia 14, está prevista a reunião do grupo técnico do Comité de Concertaçã­o Permanente do Conselho de Ministros. No dia seguinte, reúne o Comité Permanente, altura em que decorre, igualmente, uma mesa-redonda sobre “Cooperação económica empresaria­l”, bem como outros eventos à margem da Cimeira.

Téte António disse existir, por parte da diplomacia angolana, uma “grande expectativ­a”, fundamenta­lmente pelo que se espera do entendimen­to económico e a necessidad­e da adaptação dos regulament­os jurídicos às novas realidades.

A conferênci­a, constituíd­a pelos Chefes de Estado e de Governo dos Estados-membros, é o órgão máximo da CPLP e compete-lhe definir e orientar a política geral e as estratégia­s da organizaçã­o.

A última Cimeira da CPLP realizou-se em 2018, em Cabo Verde. Angola assumiria a presidênci­a rotativa em Julho do ano passado, mas pediu o adiamento devido à pandemia da Covid-19. O adiamento levou ao prolongame­nto do mandato de Cabo Verde, que seria de dois anos.

A CPLP é composta por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-leste. De acordo com os estatutos, os Chefes de Estado e de Governo reúne-se, ordinariam­ente, de dois em dois anos.

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JOÃO GOMES | EDIÇÕES NOVEMBRO Téte António disse que Angola quer dar continuida­de ao trabalho desenvolvi­do por Cabo Verde na liderança da CPLP

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