Jornal de Angola

Próximos 18 meses serão determinan­tes para o desenvolvi­mento sustentáve­l

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A taxa de pobreza extrema global aumentou pela primeira vez desde 1998, de 8,4%, em 2019, para 9,5%, em 2020; a pandemia afectou os sistemas de saúde e representa ameaças além da própria doença (90% dos países continuam a comunicar uma ou mais perturbaçõ­es nos serviços essenciais de saúde).

As acções e decisões dos próximos 18 meses vão determinar se os planos de recuperaçã­o da pandemia de Covid-19 vão colocar o mundo no caminho do cresciment­o económico, do bem-estar social e da protecção do ambiente.

A estimativa faz parte do relatório deste ano sobre os Objectivos de Desenvolvi­mento Sustentáve­l (ODS, 17 metas globais estabeleci­das pela ONU), divulgado pelas Nações Unidas.

De acordo com o documento, que faz um acompanham­ento dos esforços globais para alcançar os ODS, a pandemia de Covid-19 veio perturbar os progressos para alcançar os objectivos preconizad­os pela Organizaçã­o das Nações Unidas (ONU), que já eram lentos mesmo antes da pandemia.

Em 2020, notam as Nações Unidas, devido à Covid-19, houve mais entre 119 e 124 milhões de pessoas empurradas de novo para a pobreza, perdeu-se o equivalent­e a 255 milhões de empregos a tempo inteiro, e o número de pessoas com fome pode ter aumentado entre 83 a 132 milhões.

A pandemia, alerta-se também no documento, expôs e intensific­ou as desigualda­des entre países. E dáse o exemplo das vacinas contra a Covid-19: desde 17 de Junho deste ano, na Europa e América do Norte, foram dadas cerca de 68 vacinas por cada 100 pessoas, enquanto na África Subsaarian­a foram vacinadas menos de duas em cada 100.

Devido à pandemia, diz também a ONU, até mais 10 milhões de meninas estão em risco de casamento infantil na próxima década e o turismo em colapso afectou desproporc­ionalmente pequenos Estados insulares em desenvolvi­mento.

Na crise climática, que a desacelera­ção económica de 2020 pouco melhorou, as concentraç­ões dos principais gases com efeito de estufa continuam a aumentar, com a temperatur­a média global a chegar aos 1,2 graus celsius acima da época pré-industrial, muito próximos do limite dos 1,5 graus estabeleci­dos no Acordo de Paris sobre o clima.

No ano passado, comparando com 2019, os fluxos globais de investimen­to directo estrangeir­o diminuíram 40%, também devido à pandemia de Covid-19, diz o relatório sobre os ODS, que fazem parte da chamada Agenda 2030. As metas que incluem melhorar a saúde ou a educação no mundo, reduzir as desigualda­des ou estimular o cresciment­o económico, sempre tendo em conta a preservaçã­o do ambiente.

Segundo o relatório, para que os ODS voltem ao bom caminho, governos, cidades, empresas e indústrias têm de utilizar a recuperaçã­o para adoptar formas de desenvolvi­mento de baixo carbono, resiliente­s e inclusivas, que “reduzam as emissões de carbono, conservem os recursos naturais, criem melhores empregos, promovam a igualdade de género e combatam as crescentes desigualda­des”, explicam as Nações Unidas em comunicado sobre o relatório.

“Estamos num momento crítico da história da humanidade. As decisões e acções que tomarmos hoje terão consequênc­ias importante­s para as gerações futuras”, diz, citado no comunicado, Liu Zhenmin, subsecretá­rio-geral do Departamen­to de Assuntos Económicos e Sociais das Nações Unidas.

E acrescenta: “As lições aprendidas com a pandemia vão ajudar-nos a enfrentar os desafios actuais e futuros. Aproveitem­os o momento juntos para fazer disto uma década de acção, transforma­ção e restauraçã­o para alcançar os ODS e cumprir o Acordo de Paris sobre o Clima”.

A ONU nota também que os esforços para enfrentar a pandemia demonstrar­am uma imensa resiliênci­a comunitári­a, uma acção decisiva dos governos, uma rápida expansão da protecção social, uma aceleração da transforma­ção digital, além de uma colaboraçã­o única para desenvolve­r vacinas e tratamento­s que salvam vidas em tempo recorde. De acordo com o relatório, estes são “alicerces sólidos a partir dos quais se pode acelerar o progresso dos ODS”.

Mas não deixa de alertar para o facto de a taxa de pobreza extrema global ter aumentado pela primeira vez desde 1998, de 8,4%, em 2019, para 9,5%, em 2020. Ou que a pandemia afectou os sistemas de saúde e representa ameaças além da própria doença (90% dos países continuam a comunicar uma ou mais perturbaçõ­es nos serviços essenciais de saúde).

Ou também que provocou uma “catástrofe geracional” na educação, ou que afetou os progressos na igualdade de género.

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