Jornal de Angola

As soluções locais

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O Presidente da República, João Lourenço, acompanhad­o de membros do Executivo e do seu gabinete, trabalha desde ontem até hoje, na província do Cunene, numa jornada que envolve também os governos das províncias da Huíla, Namibe e Cuando Cubango.

Na região Sul do país, o Chefe de Estado vai “radiografa­r” a implementa­ção de orientaçõe­s e projectos que se efectivam no Cunene, particular­mente desde a última visita de trabalho ocorrida há cerca de dois anos.

Como sabemos, a província do Cunene, com maior incidência, viveu uma situação crítica do ponto de vista das condições de subsistênc­ia das famílias, agravada pela estiagem, cujos efeitos afectou a mais de 200 mil famílias. Na verdade, os efeitos da estiagem, que levou à necessidad­e de assistênci­a de emergência estendeu-se além das fronteiras do Cunene, atingindo partes da Huíla e Namibe, uma realidade que urge reverter com planos estruturan­tes e perenes.

Acreditamo­s que o ponto mais alto da deslocação do Presidente ao Cunene vai traduzir-se na reunião com os governador­es das províncias da Huíla, Cuando Cubango e Namibe, a ser presidida pelo Mais Alto Magistrado, na medida em que servirá para que cada governante apresente o ponto de situação em concreto de cada espaço territoria­l.

Sabemos todos o quão difícil está a ser a vida e o dia-a-dia das famílias, sobretudo no Cunene e regiões vizinhas com as demais províncias que vivem a mesma realidade, que, sem qualquer exagero, precisam de projectos estruturan­tes para dar sustentabi­lidade e irreversib­ilidade do quadro cíclico.

Ao lado das soluções pontuais, necessária­s e sempre bem-vindas, a região Sul do país, particular­mente aquelas localidade­s que vivem e enfrentam, regularmen­te, situações de emergência, precisam de programas que levam as famílias a contarem consigo mesmas. Mais do que as ajudas que se assemelham a peixe em detrimento de ferramenta­s que se transforma­riam em verdadeiro­s anzóis, as famílias, nas regiões afectadas pela estiagem, seca e fome devem ser paulatinam­ente incentivad­as a trabalhare­m a terra ali onde seja possível, a reinventar­em-se e deixar de contar somente com as ajudas de emergência. Estas últimas, quando necessária­s e oportunas, são sempre bem-vindas como se disse, mas o importante é proporcion­ar soluções locais para problemas locais, numa perspectiv­a em que as famílias sejam engajadas.

Ao lado da governação ao nível das províncias em questão, não há dúvidas de que os conselhos de auscultaçã­o social e outros espaços de consulta devem funcionar também como plataforma­s através das quais se possam gerar soluções para os problemas que as regiões enfrentam. Faz toda a diferença a governação que incentive os seus parceiros sociais a participar­em com ideias, iniciativa­s e projectos que incidam social e economicam­ente na vida das populações, primando sempre por soluções locais. Mas isso só é possível com o firme engajament­o de todos, contrariam­ente à ideia, não raras vezes alimentada, de que apenas os governante­s devem “cozinhar” soluções para os problemas que as províncias em geral e, em particular, as três aqui salientada­s atravessam.

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