EMIS atribui as enchentes nos Multicaixa aos bancos
Não havendo registo de anomalias da rede, dificuldades por detrás das filas prendem-se com a logística nas agências, diz administrador Joaquim Caniço
A Empresa Interbancária de Serviços (EMIS), gestora da rede Multicaixa, declarou, ontem, não ter responsabilidades sobre as longas filas que se verificam, nos últimos dias, para levantamento de dinheiro nos caixas atomáticos (ATM).
Contactado pelo Jornal de Angola, o administrador da EMIS Joaquim Caniço garantiu que os caixas automáticos estão a funcionar “sem problema nenhum” e que, nos registos disponíveis, “não constam anomalias relevantes no funcionamento da rede” durante o período pelo que perduram as filas.
Joaquim Caniço considerou tratar-se “de uma questão essencialmente de logística que deve ser solucionada pelos bancos, a ABANC [Associação Angolana de Bancos] ou ao BNA”.
A logística de carregamento de notas e papel é da responsabilidade dos bancos, apesar de haver protocolos de monitoramento entre estes e a EMIS no domínio da informação sobre o estado de disponibilidade de cada Caixa Automática, prosseguiu o administrador.
A EMIS, um consórcio dos bancos que operam no mercado angolano, também tem a responsabilidade de garantir o funcionamento e segurança dos ATM, acrescentou Joaquim Caniço.
As filas que se verificam este mês estão relacionadas com o levantamento de salários e pensões, pagos geralmente na última semana do mês, apontou Joaquim Caniço, o que foi reforçado pelo presidente da ABANC, Mário Nascimento, lembraando à nossa reportagem, que o sistema depara-se com esses “picos” de forma cíclica, na transição de um mês para outro.
“Há o problema dos picos [períodos de consumo mais intenso] que, este mês, foi mais notado que nos outros”, reconheceu o Mário Nascimento, lembrando campanhas promovidas pela banca a recomendar o uso mais frequente dos cartões nos pagamentos, algo que considerou requerer maior divulgação.
De acordo com o administrador da EMIS, o pagamento de salário e das pensões de reforma acabam por pressionar o dinheiro disponível nos terminais Multicaixa, uma vez que são pagos ao mesmo tempo e na parte final de cada mês.
Pagamentos com cartão
Com o intuito de colocar um fim às recorrentes enchentes, o BNA emitiu, ontem, um comunicado a instar o público a optar pelo pagamentos com cartão, recuperando recomendações do final de 2020, quando também publicou um instrutivo a alterar o limite diário de levantamento e de transferências.
Com isso, desde Janeiro deste ano, os clientes levantam até um máximo de 60 mil kwanzas por dia nos ATM, 10 mil kwanzas acima do que era permitido em 2020.
Expressa no instrutivo nº 19/2020, de 9 de Dezembro, a medida também determinou que, para o valor diário de compras em Terminais de Pagamento Automático (TPA), os clientes têm um limite máximo de seis milhões de kwanzas por cartão, enquanto para as transferências monetárias com o uso do Multicaixa foi estabelecido o limite de cinco milhões de kwanzas.
Apesar das medidas tomadas em Dezembro, a situação manteve-se inalterada, levantando questões sobre a eficácia do instrutivo.