Jornal de Angola

EMIS atribui as enchentes nos Multicaixa aos bancos

Não havendo registo de anomalias da rede, dificuldad­es por detrás das filas prendem-se com a logística nas agências, diz administra­dor Joaquim Caniço

- Victorino Joaquim

A Empresa Interbancá­ria de Serviços (EMIS), gestora da rede Multicaixa, declarou, ontem, não ter responsabi­lidades sobre as longas filas que se verificam, nos últimos dias, para levantamen­to de dinheiro nos caixas atomáticos (ATM).

Contactado pelo Jornal de Angola, o administra­dor da EMIS Joaquim Caniço garantiu que os caixas automático­s estão a funcionar “sem problema nenhum” e que, nos registos disponívei­s, “não constam anomalias relevantes no funcioname­nto da rede” durante o período pelo que perduram as filas.

Joaquim Caniço considerou tratar-se “de uma questão essencialm­ente de logística que deve ser solucionad­a pelos bancos, a ABANC [Associação Angolana de Bancos] ou ao BNA”.

A logística de carregamen­to de notas e papel é da responsabi­lidade dos bancos, apesar de haver protocolos de monitorame­nto entre estes e a EMIS no domínio da informação sobre o estado de disponibil­idade de cada Caixa Automática, prosseguiu o administra­dor.

A EMIS, um consórcio dos bancos que operam no mercado angolano, também tem a responsabi­lidade de garantir o funcioname­nto e segurança dos ATM, acrescento­u Joaquim Caniço.

As filas que se verificam este mês estão relacionad­as com o levantamen­to de salários e pensões, pagos geralmente na última semana do mês, apontou Joaquim Caniço, o que foi reforçado pelo presidente da ABANC, Mário Nascimento, lembraando à nossa reportagem, que o sistema depara-se com esses “picos” de forma cíclica, na transição de um mês para outro.

“Há o problema dos picos [períodos de consumo mais intenso] que, este mês, foi mais notado que nos outros”, reconheceu o Mário Nascimento, lembrando campanhas promovidas pela banca a recomendar o uso mais frequente dos cartões nos pagamentos, algo que considerou requerer maior divulgação.

De acordo com o administra­dor da EMIS, o pagamento de salário e das pensões de reforma acabam por pressionar o dinheiro disponível nos terminais Multicaixa, uma vez que são pagos ao mesmo tempo e na parte final de cada mês.

Pagamentos com cartão

Com o intuito de colocar um fim às recorrente­s enchentes, o BNA emitiu, ontem, um comunicado a instar o público a optar pelo pagamentos com cartão, recuperand­o recomendaç­ões do final de 2020, quando também publicou um instrutivo a alterar o limite diário de levantamen­to e de transferên­cias.

Com isso, desde Janeiro deste ano, os clientes levantam até um máximo de 60 mil kwanzas por dia nos ATM, 10 mil kwanzas acima do que era permitido em 2020.

Expressa no instrutivo nº 19/2020, de 9 de Dezembro, a medida também determinou que, para o valor diário de compras em Terminais de Pagamento Automático (TPA), os clientes têm um limite máximo de seis milhões de kwanzas por cartão, enquanto para as transferên­cias monetárias com o uso do Multicaixa foi estabeleci­do o limite de cinco milhões de kwanzas.

Apesar das medidas tomadas em Dezembro, a situação manteve-se inalterada, levantando questões sobre a eficácia do instrutivo.

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PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO Levantamen­to de salários e pensões de reforma estimulam corrida aos caixas automático­s

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