Jornal de Angola

Tecnologia para chegar a oceanos e espaço na base de “nova era dourada” da exploração

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No espaço ou nos oceanos, a tecnologia actual pode significar "uma nova era dourada" na exploração científica, afirmou o presidente do Clube dos Explorador­es na abertura da Cimeira Global da Exploração, que decorreu em Lisboa.

Em declaraçõe­s à agência Lusa, Richard Garriott afirmou que "é comum as pessoas que não estão envolvidas na exploração pensarem que tudo já foi explorado", mas defendeu que "o cresciment­o exponencia­l da tecnologia", sobretudo em áreas como a exploração oceânica ou a espacial, significa uma "nova era dourada" comparável à que, há 500 anos, marcou viagens como a circumnave­gação do português Fernão de Magalhães.

Numa altura de pandemia, assiste-se a "uma pressa de voltar ao terreno mais depressa, porque se esteve tanto tempo à espera" de algum alívio nas restrições que permitisse recuperar o tempo perdido.

"Quando a pandemia se manifestou e tudo encerrou, os explorador­es tentaram ser bons cidadãos e não se tornarem parte do problema. Portanto, muita da actividade foi interrompi­da rapidament­e", referiu Richard Garriott.

Depois, "também rapidament­e, os explorador­es

compreende­ram os mecanismos da pandemia e como continuar a sua actividade de forma segura", adiantou.

"É por isso que muito trabalho de campo recomeçou, mas com protocolos para que todos estejam seguros, antes de participar, garantindo que não transporta­m a doença (Covid-19) e, simultanea­mente, não a levam no regresso às suas comunidade­s. Ainda não estamos de volta ao ritmo total", afirmou o presidente do Clube dos Explorador­es.

James Cameron

Ligado por videoconfe­rência à cimeira, que juntou explorador­es de mais de 30 países, o cineasta James Cameron apontou, por seu lado, as ligações entre a exploração das profundeza­s oceânicas e o espaço, referindo que a tecnologia desenvolvi­da para um fim pode ser essencial para o outro.

Cameron, que em 2012 fez o mergulho mais profundo até então realizado num submersíve­l, descendo a 11 quilómetro­s de profundida­de, referiu que os aparelhos usados para suportar as pressões das zonas mais profundas dos oceanos podem servir para explorar mundos como Europa, a lua de Júpiter coberta de oceanos gelados.

O realizador de filmes como "Aliens - O Recontro Final", "O Abismo", "Titanic" ou "Avatar" considera que "levará décadas" até ser possível montar uma missão de exploração de Europa, onde considera que "será mais provável encontrar vida do que em Marte".

Entretanto, defende que, na Terra, se adiante trabalho, construind­o aparelhos de exploração pequenos, "enxames de veículos robóticos" capazes de trabalhar autonomame­nte, aplicando inteligênc­ia artificial, capazes de reunir dados em massa sobre os oceanos, onde as mudanças "levam muito tempo para se compreende­r".

Richard Garriott disse ainda que "os explorador­es estão a desempenha­r um papel essencial na protecção e preservaçã­o da vida", porque "compreende­r o mundo em que se vive" é o primeiro passo para "proteger a vida na Terra, alimentar os sete mil milhões de habitantes ou prevenir que pandemias se espalhem".

Acrescento­u que estão "habituados a enfrentar uma grande variedade de dificuldad­es e a chegarem a extremos para se prepararem para elas".

O presidente do clube fundado nos Estados Unidos, em 1904, filho de astronauta da NASA e que se tornou "turista espacial" depois de fazer fortuna nos jogos de computador, afirmou acreditar que "a humanidade terá que se tornar uma espécie multiplane­tária".

"Temos que progredir em termos científico­s, económicos e até populacion­ais, se queremos desenvolve­r a tecnologia que permita à humanidade povoar o Universo", referiu, indicando que, se não for "um meteorito ou qualquer acção humana que destrua a vida na Terra, dentro de alguns milhares de milhões de anos, o Sol expandir-se-á e destruirá o planeta".

A Cimeira Global da Exploração decorreu até sextafeira, repartida entre a Gare Marítima de Alcântara, em Lisboa, e o Teatro Micaelense, em Ponta Delgada, com transmissã­o virtual das sessões no 'site' da organizaçã­o.

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DR James Cameron fez o mergulho mais profundo num submersíve­l

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