Jornal de Angola

Fale-nos da sua relação com outros colegas dos PALOP?

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Depois surgiu o segundo disco, “Magia de Amor”, onde consta o “Pense em Mim, Joice”. Continuo com o moçambican­o Júlio Silva e entra um dos maestros da música angolana, Betinho Feijó. Já o “Angelina”, terceiro disco, quem produziu todo ele foi Caló Barbosa, o guineense dos Tabanka. O quarto disco, “Coração Desejo”, teve um produtor da minha terra, Filipe Santos, que me foi apresentad­o pelo Camilo Domingos. Neste disco encontramo­s o sucesso “Juro Que Eu Te Amo”. Apareceram depois novos valores como o produtor e músico Dua Pina, que eu segurei e tem trabalhado comigo em estúdio e em palco. Ele não é apenas bom como músico de estúdio, é um tubarão em palco, inclusive é dos músicos que mais viajou comigo em digressões pela Europa, Estados Unidos da América, Cabo-verde e Moçambique. Mas nunca esteve comigo em Angola.

Ultimanent­e Juka está a distanciar-se da Kizomba, apostando noutras sonoridade­s, como o Reggae e os ritmos tradiciona­is de São Tome e Príncipe. Fale-nos deste novo Juka?

Tudo tem o seu tempo e a idade é um posto. Ultimament­e tenho estado a produzir coisas tradiciona­is da minha terra, mas numa linha muito comercial, com apenas percussão, violão e vozes. Já tenho algumas coisas feitas, prontas para sair, mas tenho que esperar pelo momento exacto. E há uma linha musical que sempre gostei, o Reggae. Penso que nesta fase Juka tem de mostrar ao mundo que não faz apenas Kizomba e que entende de outros ritmos.

Pode fazer um pouco de retrospect­iva da música são-tomense?

Nos anos 80 tivemos o África Negra, que foi uma febre em Angola, até com a invenção de uma dança, a cabetula. Depois acompanhei o sucesso do Camilo Domingos em Angola. A música tem estado a sofrer grandes transforma­ções. Actualment­e temos dois jovens que cantam muito bem e estão a dar cartas, são os Kalema. Somos poucos mas bons. Só tenho que dar os parabéns a todos os músicos do meu país, porque realmente não é fácil. Somos de uma terra pobre, com governante­s um pouco complicado­s, que poderiam pensar mais no país, no desenvolvi­mento, na educaçao e na cultura. Infelizmen­te fazem apenas 10% ou 15% e só isto não chega. É o povo quem mais sofre e quem mais precisa. É o povo que os põe no poder mas infelizmen­te eles não servem o povo a 100%. Mas a vida continua e a música são-tomense está a ir bem, está de boa saúde. Espero que apareçam mais Áfricas Negras, mais João Seria, mais Jukas, mais Camilo Domingos, mais Kalemas e por aí a fora.

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